"[...] Chegou ao conhecimento da CNA que o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) se prepara para realizar mais um corte na produção beneficiada da Região Demarcada do Douro (RDD),de entre 10 a 20 mil pipas,tendo por base o valor de 2023,somando-se ao corte de 14 mil pipas já feito entre 2022 e 2023",indicou,em comunicado.
O conselho interprofissional do IVDP volta a reunir-se na quinta-feira,depois de não ter obtido consenso na sexta-feira quanto ao montante do benefício,a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto,uma importante fonte de receita dos produtores do Douro.
Para a CNA,o novo corte "é mais uma forte machadada no rendimento dos pequenos e médios viticultores da RDD,que já enfrentam uma grave crise" que será agravada com a possibilidade de os "grandes agentes da transformação e comércio" não receberem a produção deste ano.
"Este novo corte brutal no benefício é,por isso,inaceitável,e o Governo tem que atuar no sentido da sua não concretização",reiterou.
A Confederação alertou também para a necessidade de travar as importações de vinho a granel,em especial no Douro,"com medidas concretas,e não meras proclamações para iludir os agricultores".
"O que se está a passar na RDD é um processo de destruição das características que tornam esta região única no mundo,e em que os pequenos e médios produtores de uva tiveram e têm um papel fundamental,que não pode ser vilipendiado desta forma",defendeu.
De acordo com a CNA,"as políticas dos sucessivos governos apenas têm servido para favorecer os grandes interesses da transformação e comércio da região,empurrando cada vez mais agricultores para fora da produção vitícola".
"Toda esta situação é inaceitável para os pequenos e médios viticultores do Douro,que não deixarão de fazer ouvir bem alto o seu protesto e as suas reclamações",afiançou.
A Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense),em conjunto com a CNA,decidiu hoje avançar com uma manifestação que decorrerá no Peso da Régua,em 07 de agosto,e terá como propósitos ver assegurado o escoamento das uvas e travar os cortes no rendimento e no benefício.
A Confederação reclama,ainda,ao Governo "medidas concretas para travar a perda de rendimento dos agricultores" e ainda para "implementar um modelo de organização da produção e comercialização que vá ao encontro dos interesses da região e dos seus principais agentes: os pequenos e médios viticultores".
O organismo considera também fundamental "concluir a reinstitucionalização da Casa do Douro,concretizando o processo eleitoral e dotando-a de instrumentos de gestão para que cumpra a sua função de regular a produção,o armazenamento e a comercialização,bem como a sua qualidade" para "gerar rendimentos dignos" para os produtores durienses.
A CNA alertou ainda para a necessidade de travar "o processo de aumento de direitos de plantação na União Europeia e o aumento especulativo dos preços dos fatores de produção".
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