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Patinetes na Zona Sul: entenda o que pode e o que não pode sobre o uso do veículo nas ciclovias do Rio

Aug 19, 2024 Ai IDOPRESS

Dupla compartilha a mesma patinete na Zona Sul do Rio — Foto: Márcia Foletto

RESUMO

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GERADO EM: 19/08/2024 - 04:30

Patinetes elétricas russas desafiam regras no Rio: segurança em xeque

Patinetes elétricas russas invadem ciclovias do Rio,mas regras são desrespeitadas,como uso por menores e sem capacete. Empresa banindo 40 usuários por dia por infrações. Preocupação com segurança e falta de integração tarifária. Discussão sobre permanência do serviço.

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Desde junho,a patinete elétrica voltou a circular nas ciclovias do Rio. O equipamento,oferecido por uma operadora russa,permite que o usuário circule,mediante pagamento,numa área do Leblon ao Leme,além de Lagoa Rodrigo de Freitas,Aterro do Flamengo e parte do Centro. Embora haja regras definidas para embarcar na diversão,nem todo mundo as segue. Veja abaixo o que pode e o que não pode em relação ao uso do veículo na cidade.

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Pode:

Andar nas ciclovias,conforme a Resolução 996/23,do Conselho Nacional de Trânsito (Contran);Ser usado por maiores de 18 anos;Um usuário por vez no veículo.

Não pode:

Andar nas calçadas ou sobre trilhos do VLT;É proibido transportar caronas. O veículo carrega um usuário por vez;Andar sem capacete;Menores de 18 anos não podem usar o veículo.

Basta parar diante da ciclovia da Praia de Copacabana,porém,para perceber que as normas são frequentemente descumpridas.

Não é difícil flagrar casais andando abraçados,assim como crianças junto de adultos e até mesmo pilotando,sozinhas,os equipamentos. Tampouco é raro vê-los sendo conduzidos pelas calçadas. Isso a despeito de,segundo a prefeitura,a volta das patinetes compartilhadas seguir o decreto municipal 46.181/19,que as proíbe de circular nesses passeios públicos,bem como sobre os trilhos do VLT.

Por outro lado,está liberado o uso desses veículos nas ciclovias,do Conselho Nacional de Trânsito (Contran),que define as características dos equipamentos de mobilidade individual autopropelidos. Aí,no entanto,surge outra questão: a concorrência por espaço nessas vias,às vezes,conflituosa. De acordo com Raphael Pazos,fundador da Comissão de Segurança no Ciclismo do Rio,com a resolução federal,outros veículos,além da patinete,passaram a circular nas ciclovias por se enquadrarem na descrição de um autopropelido,como alguns modelos de bicicletas elétricas. O problema,segundo ele,não é quantidade de veículos nessas faixas,mas a falta de educação.

— As pessoas estão deixando os automóveis em casa e comprando novos meios de mobilidade. E os vilões não são patinetes,autopropelidos,ciclomotores,nem as bicicletas elétricas. O vilão é o próprio ser humano e seu comportamento no trânsito,que engloba calçadas e ciclovias. Muitos desconhecem o significado de compartilhamento saudável do espaço público — observa Pazos,que aponta entre as possíveis soluções as campanhas de educação no trânsito nas escolas.

Banimentos: 40 por dia

Segundo Francisco Forbes,CEO da Whoosh,uma das formas encontradas pela empresa para coibir o desrespeito às regras de uso do equipamento é notificar clientes. Ao todo,40 funcionários circulam nas ruas diariamente e,além de orientar,flagram irregularidades. Após duas ocorrências,o usuário é expulso da plataforma. Em pouco mais de 50 dias em operação,dois mil usuários foram banidos da plataforma. A média é de quase 40 por dia.

— Infelizmente,é a punição que resolve. Você tira da rua o cara que está causando (problemas) e que influencia o outro — relata Forbes.

Para usar o equipamento,é necessário baixar o aplicativo no celular — que exige cadastro e a inclusão de um método de pagamento,que pode ser até o Pix,com crédito mínimo de R$ 25. Depois,basta desbloquear a patinete no estacionamento,que não está demarcado no chão,mas é sinalizado no mapa do aplicativo. Para o dia a dia,o gasto pode pesar no orçamento: um trajeto de 20 minutos sai por até R$ 18.

Casados,os empresários Felipe e Joseane Pare são brasileiros,mas moram no Paraguai. A passeio no Rio,decidiram testar o serviço na última quinta-feira,em Copacabana. Apesar de acharem que “demorou um pouquinho” para fazer o cadastro,eles se aventuraram.

— A gente anda de moto e bicicleta,imagino que seja parecido — disse ela que,apesar de saber das regras,acabou viajando de carona com o marido.

Professor do curso de Engenharia Civil do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet),Luiz Afonso Sousa observa que as patinetes são uma solução para a última parte dos deslocamentos. Segundo ele,seu uso é projetado para ser complementar: é uma opção,por exemplo,para a pessoa que sai do metrô e precisa percorrer um pequeno trajeto até o local de trabalho. Luiz Afonso diz que a expansão para toda a cidade ainda é um desafio.

Sucesso de público,as mais de 1,4 mil patinetes colocadas recentemente nas ruas do Rio já fizeram 50 mil viagens,segundo a Whoosh,responsável pela operação. A empresa foi selecionada para fazer parte do programa de regulação experimental da Secretaria municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico,o Sandbox.Rio. Mas,com licença temporária de seis meses,o serviço tem que cumprir “todas as regras e leis da cidade”,conforme explica o secretário Chicão Bulhões:

— A prefeitura estuda se,neste momento,haveria viabilidade ou não de manter essas patinetes,dados os desafios operacionais enfrentados pela empresa e as questões de segurança que vêm sendo apontadas por usuários e também percebidas pela nossa fiscalização.

Sem integração

A falta de integração tarifária com outros modais é apontada por Luiz Afonso como algo que torna a patinete mais atraente para turistas do que para trabalhadores. Segundo o CEO da Woosh,a empresa já discute com a prefeitura uma associação com o cartão Jaé para mudar esse cenário.

Mais um ponto de atenção é que a última onda de patinetes na cidade foi marcada por um grande número de acidentes. De maio a julho de 2019,foram registrados 400 atendimentos só no Hospital Copa D’Or. Nos últimos dois meses,contudo,o quadro tem sido um pouco diferente. Não há registros de atendimentos a vítimas de quedas de patinete em unidades da rede municipal,na Clínica São Vicente nem no Copa D’Or. Mas o Glória D’Or informou que vem recebendo de um a dois acidentados por semana.

— Tenho observado pais dividindo a patinete com crianças pequenas e fico muito preocupada,porque essas crianças estão sem capacete. Elas podem cair e,dependendo da queda e da velocidade,sofrer até um traumatismo craniano — observa a ortopedista Verônica Vianna,coordenadora da Ortopedia do Glória D’Or.

Segundo a Whoosh,todos os usuários têm direito a um seguro que cobre atendimento médico e afastamento do trabalho. Não houve até agora pedido algum.

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