Indústria têxtil: retomada de investimentos no setor manufatureiro impulsionou PIB — Foto: Márcia Foletto
GERADO EM: 03/12/2024 - 23:10
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A economia brasileira confirmou os indícios de atividade aquecida no terceiro trimestre. Puxado pela demanda doméstica,o Produto Interno Bruto (PIB,valor de todos os produtos e serviços gerados na economia) teve expansão de 0,9% no terceiro trimestre deste ano,em comparação com o segundo,informou ontem o IBGE.
O resultado,próximo das projeções de mercado,reforçou a aposta em uma expansão em torno de 3,5% este ano. Os principais destaques foram o consumo das famílias e os investimentos.
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No entanto,economistas alertam que esse ritmo de crescimento com demanda aquecida pode pressionar ainda mais a inflação,o que exigiria aumento maior dos juros pelo Banco Central para “esfriar” a atividade e,assim,segurar os preços.
A este cenário,somam-se as preocupações em torno do ajuste fiscal,já que a reação negativa do mercado ao pacote de corte de gastos levou o dólar ao patamar de R$ 6,outro fator de pressão sobre os índices de preços.
A taxa básica de juros (Selic) começou a subir em meados de setembro e,portanto,teve pouco impacto nos resultados do terceiro trimestre. Nesse período,o consumo das famílias avançou 1,5% ante o segundo trimestre (a 13ª alta seguida nessa comparação) e saltou 5,5% em relação ao período de julho a setembro do ano passado.
Nesse último tipo de comparação,já são 14 trimestres seguidos de alta,na maior sequência desde o ciclo de ampliação do poder de compra das famílias que durou mais de uma década,de 2003 até 2014,mostram os dados do IBGE.
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Mas o que o PIB do terceiro trimestre diz sobre a saúde da economia brasileira e o que pode estar por vir? Os economistas concordam que o consumo deve continuar em alta e,com ele,o risco de inflação.
— Continuamos com vários efeitos positivos no consumo das famílias — observou ontem a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE,Rebeca Palis.
Comércio na Saara: consumo tende a se manter em alta no fim do ano — Foto: Gabriel de Paiva /Agência O Globo/24-06-2024
No ciclo mais recente,o impulso ao consumo das famílias veio de uma combinação de fatores,começando pelo mercado de trabalho forte,com a taxa de desemprego nos menores patamares desde o início da série,e o rendimento em alta.
Soma-se a isso o aumento nas transferências de renda do governo — o Bolsa Família está completando o segundo ano com valor maior do benefício mínimo,enquanto a Previdência é influenciada pelos reajustes maiores do salário mínimo. O crédito avançou 10,5% na comparação com o terceiro trimestre de 2023,sem descontar a inflação.
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O risco agora,segundo alguns economistas,é o aquecimento excessivo da economia dificultar a calibragem da política econômica daqui para a frente. Em uma economia aquecida,é mais fácil a alta do câmbio se espalhar para a inflação,lembrou Silvia Matos,pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
E se a inflação subir,tanto por causa do câmbio quanto das restrições de oferta diante da demanda aquecida,os juros poderão subir além do inicialmente esperado,para esfriar toda a economia. Muitos analistas já esperam juros mais altos até o fim do ano que vem.
Silvia Matos,pesquisadora do FGV Ibre — Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo
— A economia continua aquecida,crescendo acima do seu potencial. Mas nossa expectativa é que,ao longo dos próximos trimestres,essa economia vá perdendo força. nossa projeção é que o quarto trimestre venha ainda com crescimento,mas com desaceleração um pouco maior,e a tendência deve se manter ao longo de 2025 — disse Natalia Cotarelli,economista do Itaú.
Para Jonathas Goulart,gerente de Estudos Econômicos da Firjan,o avanço recente da indústria de transformação não é tão sólido,pois o setor já apresenta um desequilíbrio em seu mercado de trabalho,com falta de mão de obra:
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— A indústria começa a dar sinais de uma recuperação mais forte,mas podemos perceber que essa velocidade de crescimento não é sustentável já no médio prazo,porque nosso potencial de crescimento ainda é muito baixo. O impulso fiscal nos últimos anos fez com que aumentasse o consumo,mas o lado da oferta mostra sinais claros de que a indústria já está no seu limite de capacidade produtiva.
Para Silvia,do FGV Ibre,além dos sinais de aquecimento excessivo,o cenário externo mais turbulento,diante da eleição de Donald Trump como presidente dos EUA,poderá levar a juros e dólar mais altos. A alta no câmbio,por exemplo,fará com que,mesmo com o crescimento forte,o Brasil caia no ranking das maiores economias do mundo. Em 2025 e 2026,o Brasil deverá ser ultrapassado pelo Canadá e ficar na décima posição,projeta o FMI.
Complexo da GM em São Caetano do Sul: indústria se destacou no PIB — Foto: Divulgação
Esse quadro poderá provocar freada maior na economia,mas,diante da reação de investidores aos desequilíbrios nas contas públicas,especialmente no câmbio,Silvia não vê espaço para o governo “empurrar com a barriga”,mantendo estímulos ao crescimento:
— É positivo o PIB (em ritmo maior de alta),mas é aquela coisa,o custo já apareceu,não veio de graça,não tem almoço grátis.
Pelo lado da demanda,chamaram a atentção os investimentos,que subiram 2,1% ante o segundo trimestre e saltaram 10,8% na comparação com o terceiro trimestre de 2023,numa sequência de quatro trimestres seguidos de avanços nessa base de comparação,com 10,6% de alta acumulada.
É a mais longa sequência positiva desse tipo desde 2011,segundo dados do IBGE,mas analistas alertam que as recentes instabilidades financeiras,com câmbio e juros em alta,tendem a desacelerar os investimentos ao longo de 2025.
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Ragnar Anton Kittil Frisch (1969/Noruega e Holanda) - O norueguês Ragnar Frisch e o holandês Jan Tinbergen foram os primeiros vencedores do Nobel de Economia,pelo trabalho pioneiro que fizeram no campo da econometria,que utiliza modelos matemáticos e estatísticos para avaliar teorias sobre economia e finanças.— Foto: Reprodução
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Jan Tinbergen (1969/Noruega e Hoalnda) - O economista holandês compartilhou com o norueguês Ragnar Frisch o primeiro Prêmio Nobel de Economia por ter desenvolvido e aplicado modelos dinâmicos para a análise dos processos econômicos. É amplamente considerado um dos economistas mais influentes do século XX e um dos fundadores da econometria. — Foto: Reprodução
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Paul Samuelson (1970/EUA) - O primeiro americano a receber a láurea é considerado por muitos o mais influente economista do século XX. Um dos fundadores do neo-keynesianismo,foi conselheiro de John Kennedy e Lyndon Johnson (Donna Coveney/Via Bloomberg)
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Friedrich von Hayek (1974/Áustria) - Foi quem mais influenciou defensores do livre mercado,de Ronald Reagan a Milton Friedman. Mas sua obra mais famosa é um livro político,“Caminho da Servidão”,que ajudou a sedimentar a aversão ao comunismo no Ocidente. Foto: Dibulgação/Nobel
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Milton Friedman (1976; EUA)- Para o pai do monetarismo,"se colocassem o governo federal para administrar o Saara,em cinco anos faltaria areia". Consolidou a Universidade de Chicago como um polo do liberalismo e do Estado mínimo. Levou fama pela frase “Não existe almoço grátis”,na verdade,uma expressão corrente entre economistas— Foto: Jon Freilich/Bloomberg
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John Nash (1994; EUA) - Um dos maiores estudiosos da Teoria dos Jogos,que analisa as decisões humanas de acordo com os incentivos. Era matemático,não economista. Sua luta com a esquizofrenia virou o filme “Uma mente brilhante”,estrelado por Russell Crowe. — Foto: Wikipédia/Creative Commons
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Robert Lucas,Jr. (1995; EUA) - Uma das estrelas da Escola de Chicago,reconhecido por seus estudos sobre expectativas racionais. Em 1989,ao se divorciar,acordou com sua ex-mulher que ela levaria metade do valor do Prêmio Nobel se ele o recebesse nos sete anos seguintes. O prêmio chegou 21 dias antes de o acordo expirar. — Foto: Divulgação/Nobel
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Amartya Sen (1998; Índia)- Um dos criadores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),premiado por seus estudos sobre bem-estar social. Sen precisou superar problemas sérios na vida pessoal: um câncer na boca ainda quando estudante e a morte da segunda mulher,também de câncer. — Foto: Nobel/Divulgação
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Joseph Stiglitz (2001; EUA) - Ex-presidente do Banco Mundial e consultor de Obama e Clinton,Stiglitz é considerado tão brilhante quanto polêmico. Foi premiado por seus trabalhos sobre como a informação tem influência na economia. É conhecido pelas críticas à condução econômica de EUA e Europa durante a crise de 2008 e por suas denúncias sobre desigualdade. — Foto: Jerome Favre/Bloomberg
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Paul Krugman (2008; EUA) - Estudioso de comércio e finanças internacionais,tornou-se o economista mais popular do mundo por meio da coluna que mantém há quase 15 anos no “New York Times”. É hoje um dos mais proeminentes intelectuais da esquerda americana. — Foto: Jerome Favre/Bloomberg
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Elinor Ostrom (2009; EUA) - A primeira mulher a receber o Nobel de Economia não era economista,mas cientista política. Foi premiada por seus estudos sobre como cidadãos podem se organizar de maneira eficiente para gerenciar recursos públicos,o que contraria a ideia de que o Estado precisa intermediar essa relação. — Foto: Indiana University via Bloomberg
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Robert Shiller (2013; EUA) - O professor de Yale,que dividiu o prêmio com outros dois economistas,foi laureado por seu trabalho em finanças comportamentais,sobre a influência da psicologia nas decisões econômicas. Antecipou o estouro da bolha imobiliária nos EUA. Dá nome a um índice de preços de imóveis,o S&P/Case-Shiller. — Foto: Peter Foley/Bloomberg
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Jean Tirole (2014; França) - Economista e professor da Universidade de Toulose,na França,Jean Tirole,conquistou o Nobel por seu trabalho sobre análise do poder e regulação de mercado. — Foto: AFP
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Angus Deaton (2015; Reino Unido)- O economista britânico recebeu o Nobel por "sua análise do consumo,pobreza e bem-estar",que ajudou governos a melhorar suas políticas por meio de ferramentas como pesquisas residenciais e alterações tributárias. — Foto: Reuters
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Bengt Holmström (2016; Finlândia) - Ao lado do britânico Oliver Hart,o finlandês Holmström levou o prêmio por suas contribuições para a teoria dos contratos,que têm múltiplas aplicações em diversos contextos da vida real. — Foto: Divulgação
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Richard Thaler (2017/EUA) - O americano recebeu o Prêmio Nobel de Economia por ter desenvolvido a teoria da contabilidade mental,explicando como as pessoas simplificam a tomada de decisões financeiras. — Foto: Divulgação
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William D. Nordhaus e Paul Romer (2018; EUA) - Os dois americanos (na foto,Nordhaus) levaram o prêmio ao projetarem métodos para o crescimento sustentável a longo prazo na economia global e o bem-estar da população mundial. — Foto: Divulgação
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Abhijit Banerjee,Michael Kremer e Esther Duflo (2019; Índia/EUA/França) - O trio formado pelo indiano naturalizado americano Abhijit Banerjee,o americano Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo foi anunciado ganhador do Nobel de Economia por sua abordagem experimental para combater e aliviar a pobreza no mundo. — Foto: Reprodução/Twitter Prêmio Nobel
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Paul Milgrom e Robert Wilson (2020/ EUA) - Os americanos Paul Milgrom e Robert Wilson ganharam o Nobel por seus estudos sobre leilões. As pesquisas projetaram novos formatos de leilão para bens e serviços que são difíceis de vender de forma tradicional,como frequências de rádio — Foto: Anders Wiklund/AFP
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David Card,Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens (2021/ EUA)- O canadense David Card,o americano Joshua D. Angrist e o holandês Guido W. Imbens ganharam o Nobel de 2021 por suas pesquisas sobre mercado de trabalho e por inovações na metodologia das relações causais,ambas feitos a partir de situações da vida real. — Foto: AFP
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Ben Bernanke,ex-presidente do Fed,e os pesquisadores Philip Dybvig e Douglas Diamond (2022/EUA) — Eles Eles alertaram sobre riscos sistêmicos de colapsos bancários e explicaram por que evitar esses colapsos é fundamental para o bom funcionamento da economia. Foto: Montagem/Arte O GLOBO
Entre os laureados,estão Paul Krugman,Joseph Stiglitz e Robert Schiller
Do segundo trimestre de 2009,quando se iniciou a recuperação da crise financeira global deflagrada em setembro de 2008,ao quarto trimestre de 2011,a FBCF subiu ininterruptamente por 11 trimestres. Do início de 2012 em diante,começou a registrar um vaivém,até afundar com a recessão iniciada em 2014.
Na saída da crise mais recente,provocada pela Covid-19,os investimentos sofreram menos do que se esperava inicialmente,lembrou Leonardo Carvalho,pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2020,a FBCF recuou 1,7%,menos do que a queda de 3,3% do PIB. Depois,em 2021,os investimentos saltaram 12,9%.
Para Carvalho,o mau desempenho de 2022 e 2023 foi marcado por turbulências políticas,associadas às eleições,no primeiro ano,e à transição para o terceiro governo Lula. Em 2024,o cenário se acalmou um pouco e as empresas passaram a investir para atender à crescente demanda interna,especialmente o consumo das famílias,que pegou tração de 2022 em diante.
— Primeiro,temos uma base de comparação que facilita o crescimento para este ano,mesmo assim,temos visto um desempenho formidável dos investimentos. Mais em máquinas e equipamentos do que construção. Construção é mais moroso,mais pesado,tem maturação longa e é menos volátil — explicou Carvalho,responsável pelo Indicador Ipea Mensal de FBCF.
Na visão de Thiago de Moraes Moreira,professor de economia do Ibmec,os investimentos reagiram à demanda aquecida pelo consumo das famílias. Como a renda tem sido beneficiada,em parte,por transferências dos programas sociais do governo,é a demostração do impulso que os gastos públicos dão na economia:
— O gasto público está alavancando os investimentos privados. Há a ideia de que aumentar o gasto público não ajuda a economia a crescer,mas a demanda privada está respondendo bem à situação.
Segundo o IBGE,todos os componentes dos investimentos — os bens de capital,a construção civil e a pesquisa e desenvolvimento — registraram alta no segundo trimestre. Nas contas do indicador do Ipea,os bens de capital sobem mais (14,5% de alta no acumulado do ano até setembro) do que a construção (4,2%,na mesma base de comparação).
A dúvida,agora,é se o desempenho pujante se manterá. Assim como no caso da demanda via consumo das famílias,há dúvidas sobre a sustentabilidade do avanço dos investimentos.
O Monitor do PIB,indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV),mostrou crescimento expressivo da importação tanto de bens de capital,para os investimentos,quanto de bens intermediários,para a produção,disse Claudio Considera,coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre):
— Não vejo desequilíbrios a ponto de abortar o crescimento. Com o crescimento do consumo,o investimento continua subindo.
Por outro lado,é de se esperar que o ciclo de elevação dos juros,iniciado em setembro,comece a surtir o efeito de esfriar o consumo e os investimentos. “A retomada do ciclo de aperto monetário por parte do BC e a significativa deterioração do risco fiscal brasileiro são fatores de risco relevantes que podem impactar a dinâmica dos investimentos nos próximos trimestres”,alerta relatório divulgado ontem pelos economistas da corretora Genial Investimentos,liderada pelo economista José Márcio Camargo.
O presidente do Conselho de Administração do Bradesco,Luiz Carlos Trabuco,citou o investimento como destaque do PIB,mas observou que,com o ciclo de aperto monetário,repetir esse ritmo fica mais difícil no próximo ano,já que haverá um processo de desaceleração da economia.
— Mas o número de investimento que o país tem contratado é tão grande,só no estado de São Paulo há R$ 280 bilhões na carteira de investimentos a ser realizada,que vai puxar o PIB — afirmou em almoço com jornalistas ontem.
O IBGE e economistas ressaltaram que o efeito do ciclo de aperto dos juros foi praticamente nulo no terceiro trimestre,já que a primeira alta da Selic ocorreu em 18 de setembro,bem no fim do período. A política de juros leva mesmo tempo para surtir efeito,o que deverá ocorrer,principalmente,ao longo de 2025.
Pelo lado da oferta,o crescimento de 0,9% do setor de serviços,que responde por cerca de 70% do total da economia,ditou o ritmo. Segundo o IBGE,os resultados foram positivos em todas as atividades do setor.
Também chamou a atenção o bom desempenho da indústria de transformação,que engloba todo tipo de fabricação de bens,com avanço de 1,3% ante o segundo trimestre,a terceira alta consecutiva. A exceção foi a agropecuária,com queda de 0,9%,já esperada por causa dos efeitos da seca sobre a produção.
Esse dinamismo realimenta o consumo. Quem está ganhando mais com o trabalho passa a poder gastar mais. Foi o que aconteceu com a produtora e publicitária Júlia Taveira,de 21 anos,que mora em Itu (SP).
Júlia Taveira em Foz do Iguaçu (PR): com renda maior,passou a gastar mais com viagens — Foto: Arquivo Pessoal
Há um ano e seis meses,ela trocou o emprego de carteira assinada pelo próprio negócio,em sociedade com uma amiga. Elas trabalham com social media: cuidam da comunicação,nas redes sociais,de artistas,restaurantes,lojas de roupas,entre outros,e produzem eventos.
— Saí de um salário de R$ 2 mil por mês para uma renda que varia de R$ 3 mil a R$ 6 mil,dependendo da cartela de clientes e das campanhas ou shows que produzimos. Isso me permitiu gastar com roupas,sapatos,restaurantes e viagens pelo Brasil,coisas que não fazia antes. Juntei o suficiente para quitar meu carro e ajudar meus pais em despesas extras — contou Júlia.
*Estagiário sob supervisão de Danielle Nogueira
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro