Três meses após o prazo inicial estipulado,o documento pedido pela presidente da Comissão Europeia,Ursula von der Leyen,a Mario Draghi é hoje de manhã apresentado à imprensa em Bruxelas e,de acordo com fontes europeias ouvidas pela Lusa,visa moldar o trabalho das instituições europeias no próximo mandato (2024-2029).
O relatório de Draghi vai,desde logo,servir de guia para as cartas de missão dos próximos comissários europeus,nas quais Von der Leyen estipula as tarefas de cada um,moldando assim o trabalho do próximo executivo comunitário.
Em causa estão questões como a produtividade,a redução das dependências da UE e o clima e inclusão social,bem como recomendações específicas para os 10 principais setores da economia (como energia,inovação,mercado de capitais,auxílios estatais,coesão,competências,defesa e investimento).
Pedido por Ursula von der Leyen há um ano,o documento deveria ter sido divulgado em junho passado,tendo depois passado a estar previsto para julho e agora para setembro,após uma interrupção para férias nas instituições da UE.
Na passada semana,Mario Draghi esteve em Bruxelas para,à porta fechada,informar os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE e a Conferência de Presidentes (com os líderes da instituição e dos grupos partidários) do Parlamento Europeu sobre as diretrizes do relatório sobre a competitividade comunitária.
Fontes conhecedores do processo indicaram à Lusa que,na ocasião,o antigo governante e ex-líder do BCE observou que,nas últimas décadas,"a competitividade europeia ficou sujeita a uma série de barreiras estruturais",entre os quais o atraso na capacidade de inovação,o aumento dos preços da energia,o défice de competências e a necessidade de acelerar a digitalização e de reforçar as capacidades de defesa comuns da Europa.
Por essa razão,o relatório servirá para "reflexão sobre os desafios que a Europa enfrenta e sobre a forma como a UE,as suas instituições,os Estados-membros e as partes interessadas podem,em conjunto,ultrapassá-los para recuperar a vantagem competitiva da Europa",nomeadamente face aos principais concorrentes,a China e os Estados Unidos,adiantaram as mesmas fontes.
Este relatório surge depois de um outro divulgado em abril passado pelo antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta,esse porém mais focado no mercado interno da UE,sendo que o de Mario Draghi se centra mais na cena internacional.
O documento será debatido pelo colégio de comissários do executivo comunitário,na quarta-feira em Bruxelas,e,mais tarde,discutido pelos chefes de Governo e de Estado da UE no Conselho Europeu informal de novembro,realizado em Budapeste pela presidência húngara da UE.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro