Música e dança estão presentes em programação em evento no Centro do Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo
GERADO EM: 18/11/2024 - 09:36
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Pela primeira vez,o dia 20 de novembro será feriado nacional em todo o Brasil. A mudança ocorre após a promulgação de um decreto presidencial no final de 2023,que amplia a celebração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra,já reconhecida pela Lei nº 12.519/2011.
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A data marca a morte de Zumbi,o líder do Quilombo dos Palmares,localizado na Serra da Barriga,hoje estado de Alagoas. Capturado e preso,ele morreu degolado e teve sua cabeça exposta na Praça do Carmo,em 1695. A data é celebrada por movimentos de direitos civis desde os anos 1960,como forma de valorizar a luta e a cultura negra.
Antes,a data era marcada como feriado em apenas alguns estados,como Alagoas,Amazonas,Amapá,Mato Grosso e Rio de Janeiro. Também é feriado municipal em 1.260 cidades brasileiras,entre elas São Paulo. Como o Brasil tem 5.568 municípios,o Dia da Consciência Negra era,portanto,feriado em apenas 29% das cidades do país.
Registros históricos apontam que Zumbi dos Palmares nasceu em 1655,no atual estado de Alagoas,onde foi batizado com o nome de Francisco. Historiadores ainda debatem se o termo 'Zumbi' é um nome adotado posteriormente pelo jovem ou um título dentro dos quilombos.
Sítio na região em que foi fundado o Quilombo dos Palmares,em Alagoas — Foto: Romildo Soares/divulgação
Aos 15 anos,passou a morar no Quilombo dos Palmares,então governado pelo seu tio,Ganga Zumba. Palmares era o maior quilombo da América Latina,com população estimada em 20 mil negros e negras que fugiram da escravidão,além de pessoas nativas e fugitivos. Curiosamente,esse imenso quilombo não era um único povoado,mas uma junção de pequenos mocambos,o maior dos quais era o mocambo do Macaco.
Palmares foi o maior quilombo brasileiro,chegando a ter simultaneamente 20 mil habitantes. Era maior,que a maioria das cidades brasileiras da época,quando o país tinha cerca de 300 mil habitantes — excluídos os indígenas.
Zumbi (1927),pintura de Antônio Parreiras (1860 - 1937) - Acervo do Museu Antônio Parreiras,em Niterói — Foto: Antônio Parreiras
A principal atividade do quilombo era a agricultura coletivizada,mas há evidências que sugerem a existência de olarias,oficinas de metalurgia,pecuária e artesanato.
Os escravocratas da região temiam o tamanho e prosperidade de Palmares. Além de servir como incentivo para a fuga de escravos,eles achavam que a comunidade poderia ser uma ameaça existencial caso decidisse se organizar contra os engenhos. Por isso,na segunda metade do século XVII,os donos de terra começaram a financiar expedições para atacar e destruir o quilombo. Todas falharam,mas o custo em vidas foi imenso.
Ganga Zumba viajou ao Recife em 1678,para tentar negociar o fim da violência com o governador,D. Pedro de Almeida. A proposta entregue ao líder quilombola foi controversa: os nascidos em Palmares seriam considerados livres,mas todos os 'fugitivos' voltariam à escravidão. Ninguém gostou da ideia.
Dia da Consciência Negra é celebrado em monumento a Zumbi dos Palmares,no Centro do Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo
Os habitantes dos mocambos não queriam se entregar e os donos de terra achavam o tratado favorável demais para o quilombo. Enfurecido,Zumbi depôs o tio,que acabou assassinado,provavelmente por envenenamento.
O novo líder lutou por mais de 15 anos contra as forças coloniais,mas,em 1694,o mocambo do Macaco foi atacado e destruído por uma expedição liderada por Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello. Zumbi foi ferido no combate e viu-se obrigado a fugir. Ele evadiu captura por um ano,até ser capturado e morto em novembro de 1695.
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