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SUS incorpora tratamento que substitui cirurgia para pacientes com metástase no fígado; entenda

Jul 1, 2024 estilo de vida saudável IDOPRESS

Unidade do Sistema Único de Saúde,o SUS — Foto: Não informado

Pacientes com em tratamento de câncer têm uma boa notícia: a partir de setembro estará disponível no SUS uma cirurgia minimamente invasiva para retirada de tumores secundários no fígado. Trata-se da ablação,procedimento em que uma agulha é inserida no tumor com o auxílio de equipamentos de tomografia ou ultrassom. Ao atingir o tumor,com temperatura acima de 60º graus,ela destrói as células cancerígenas. O procedimento está disponível para pacientes de planos de saúde desde maio passado,com a inclusão no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). A portaria do órgão regulamenta a cobertura obrigatória em casos de metástases hepáticas de câncer colorretal,irressecáveis ou ressecáveis com alto risco cirúrgico,com tamanho até 4 centímetros.

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— Temos duas boas notícias aos pacientes. Uma é a inclusão do procedimento no SUS. A outra é a divulgação de um novo estudo que mostra que a ablação tem custo menor,menor morbidade e menos tempo de internação do que a cirurgia convencional -- diz o médico Denis Szejnfeld,presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice).

A tecnologia existe há duas décadas,mas faltavam estudos científicos que comprovassem que ela deve ser aplicada em casos de metástase no fígado. Em geral,é usada em caso de câncer primário no fígado e no rim. Apresentado no último encontro da ASCO (American Society for Clinical Oncology),o estudo chamado Collision testou a técnica comparando resultados de 299 pacientes com até 10 nódulos de até 3 centímetros - 148 submetidos a cirurgia convencional e 147 tratados com ablação.

O resultado comprovou que a ablação apresenta menor mortalidade (zero contra 2,1% na cirurgia),menos tempo de hospitalização (24 horas de internação,contra quatro dias na cirurgia) e menor risco de infecções pós-operatórias.

— O estudo mostrou que eventos adversos foram maiores na cirurgia convencional do que na ablação - diz o médico.

Szejnfeld explica que a termoablação não necessita ser feita em centro cirúrgicos. O procedimento não precisa de anestesia geral e é feito na mesma sala hospitalar onde ficam os aparelhos de tomografia,equipamento usado para direcionar a agulha. Ao ser submetido à alta temperatura,as células cancerígenas morrem.

A técnica pode ser usada também em metástases no pulmão,rim,tiroide e útero,mas não há estudos comparativos (randomizados) para todos os casos,como o que acaba de validar o uso para o câncer colorretal,que é o segundo mais comum no Brasil.

— Na ciência,o conhecimento vai sendo construído. Nem todos os tipos de câncer tem estudo com força estatística inquestionável,como esse que tratou de metástases do câncer colorretal - explica Szejnfeld

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O câncer colorretal acomete o intestino grosso (cólon) e o reto e sua incidência na população brasileira fica atrás apenas do câncer de mama nas mulheres e de próstata nos homens. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) registrou nos últimos anos aumento na incidência entre a população mais jovem,na faixa dos 20 aos 49 anos. Entre 1990 e 2019 a mortalidade por câncer colorretal cresceu 20,5% na América Latina.

Geralmente apenas 20 a 30% dos casos de metástase no fígado são operáveis,o que leva à busca por alternativas menos invasivas,como a ablação.

A Sobrice espera que seja publicada nos próximos dias a portaria que regulamenta o procedimento incluindo os equipamentos necessários para que o procedimento seja feito. No caso,é a agulha,uma vez que a maioria dos hospitais têm equipamentos de tomografia.

— Creio que o fato dos custos do procedimento serem menores ajudou a decisão de incorporá-lo ao SUS. Não precisa de sala cirúrgica e o aparelho de tomografia é um equipamento presente na maioria dos hospitais — diz Szejnfeld.

A Sobrice espera que a compatibilização da tabela do SUS para o procedimento seja publicada em portaria pelo Ministério da Saúde nas próximas semanas.

O Ministério da Saúde informou em nota que a portaria para inserção do procedimento de ablação na tabela do SUS está em fase de finalização e será divulgada dentro do prazo,que vence no fim de agosto. Atualmente,segundo o Ministério,um sistema de tratamento por radiofrequência,com uso de agulhas,é adotado por hospitais da rede de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia,e é feito por indicação médica,geralmente em casos de idosos que não podem ser submetidos a cirurgia convencional. No ano passado,foram realizados 158 procedimentos deste tipo para câncer primário hepático.

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