Jonas Jaimovick,fundador da JJ Invest: pedido de doações para resgatar dinheiro ainda nebuloso — Foto: Reprodução
Fundador da enroladíssima (e falida) JJ Invest,Jonas Jaimovick está revisitando as ruínas de seu antigo negócio para,segundo ele,tentar reparar os prejuízos que causou. Com o esquema para ganhar dinheiro fácil e rápido,o engenheiro da computação atraiu,até 2019,cerca de 3 mil clientes para uma pirâmide financeira,cujos calotes teriam somado um prejuízo de R$ 170 milhões. Agora,ele está procurando parte desses parceiros lesados com o que seria uma tentativa de ressarcir os danos.
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Escreve Jonas na abordagem,enviada via redes sociais ao longo deste mês:
“Boa noite! Tudo bem? (...) Tivemos novidades em relação ao processo no qual estou movendo contra as instituições que nos devem. A soma dos valores ultrapassa R$ 29 milhões. Avançou bem e está em fase de conclusão. No entanto,o advogado pediu R$ 10 mil para custas e agilizar os trâmites do processo. Estou arrecadando (...). O processo está na fase final. Com o desfecho,conseguirei devolver uma grande parte dos valores devidos!”.
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Só que não é bem assim. Apesar da promessa de Jonas,o processo a que ele se refere (o da falência da JJ Invest,tramitando na 2ª Vara Empresarial do Rio desde 2019) está longe do fim.
Das 3 mil pessoas que ele teria afetado na pirâmide,segundo as investigações,somente seis estão habilitadas na ação. Juntos,os prejuízos somam R$ 490 mil,o que é muito inferior aos R$ 170 mi apurados por promotores.
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Uma nova administração judicial,representada pelo escritório NFCS Advogados,acaba de assumir o comando da massa falida. Assim,a lista de credores será revisada (e,provavelmente,ampliada). Só depois disso é que começarão a ser distribuídos eventuais ativos restantes da gestora fraudulenta.
Além do término distante,o processo custou a Jonas e seu advogado,até aqui,muito menos que os R$ 10 mil que ele tenta arrecadar — mais de R$ 9,5 mil teriam entrado em caixa,conforme indicado em outras mensagens. Na verdade,consta nos autos somente um pagamento feito ao Judiciário em abril deste ano,no valor de R$ 51,70. É um montante 190 vezes menor que o arregimentado por Jonas.
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Condenado a três anos de prisão,Jonas passou seis meses detido e,desde 2021,está em liberdade devido ao pagamento de fiança e a prestação de serviços comunitários. Na punição mais recente pelo caso JJ Invest,no ano passado,a CVM aplicou a ele (e à JJ) multas de R$ 80 milhões.
A prioridade de Jonas,antes da autarquia,é pagar os clientes cuja vida financeira atrapalhou (a carteira era tão grande e diversa que incluía até Zico). Mas os R$ 29 milhões que ele promete usar ainda são nebulosos. No processo,a defesa de Jonas trata,na verdade,de R$ 26 milhões. A soma corresponde à atualização monetária de valores que Jonas mantinha na XP Investimentos (R$ 8,7 milhões) e numa empresa chamada Suen Holding Financeira (R$ 3,4 milhões). E nada disso está disponível agora.
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A XP bloqueou o montante lá atrás,quando a JJ Invest e Jonas desmoronaram. Tanto a XP quanto a Suen foram oficiadas em abril para responder sobre as tais quantias,mas não retornaram ainda.
Além do “paradeiro desconhecido”,o dinheiro que sequer apareceu até aqui tem outra pendenga. São os honorários cobrados pelo advogado que representa Jonas no processo,equivalentes a 30% dos ativos. O problema é que,se liberada,a totalidade pertence,antes de tudo,aos clientes prejudicados.
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