Operação Acolhida,na fronteira do Brasil com Venezuela: 950 mil migrantes entraram no país desde 2017 — Foto: Reynesson Damasceno/Ato Press
GERADO EM: 18/08/2024 - 04:30
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As eleições venezuelanas deste ano se tornaram o principal tema do debate entre os candidatos a prefeito de Boa Vista,capital de Roraima,e Pacaraima,município que faz fronteira com o país vizinho. Desde que Nicolás Maduro foi considerado eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE),o estado no Norte do Brasil registrou um aumento do fluxo migratório,e candidatos das duas cidades repudiaram a validade do pleito,que pode gerar impactos humanitários e econômicos na região.
Nos palanques,a polarização passou a se expressar através de falas que responsabilizam o governo brasileiro por suposta omissão no caso. O presidente Lula não reconheceu a vitória de Maduro,mas ainda tenta manter um diálogo com o regime venezuelano e negociar,por ora sem sucesso,a realização de novas eleições.
De acordo com a prefeitura de Pacaraima e com a Polícia Federal,a média diária de entrada de venezuelanos no estado,em julho,chegou a 507 pessoas,25% a mais do que no mês anterior.
Na capital,o prefeito Arthur Henrique (MDB),que busca a reeleição e tem como vice o bolsonarista Marcelo Zeitoune (PL),criticou a espera do governo Lula pela divulgação das atas da votação venezuelana. Arthur rivaliza com Mauro Nakashima (PV),que conta com o apoio do PT,e Lincoln Freire (PSOL),também alinhado ao campo governista.
— Essa instabilidade vai trazer consequências para Boa Vista. Esses conflitos têm grandes chances de aumentar o número de pessoas migrando para cá,e a gente não tem como segurar isso sozinho. Milhares de pessoas vão cruzar a fronteira e chegar aqui sem ter nem o que comer — afirma o candidato.
Sem contestar a política externa de Lula,Nakashima tem feitos acenos ao eleitorado crítico às eleições da Venezuela,reforçando em seu palanque a importância do respeito à democracia e a vontade de “melhorar a vida de todos que moram em Boa Vista,com políticas públicas eficientes”.
Os ataques a Nakashima relacionados ao assunto não partem apenas do atual prefeito de Boa Vista. Candidato pelo União Brasil,Nicoletti explora o tema em seus pronunciamentos e redes sociais para desgastar os dois adversários,criticando tanto o posicionamento do Planalto,quanto políticas atuais de controle de imigrantes postas em prática na capital de Roraima.
— Partidos comunistas,como os de alguns adversários desta eleição,promovem esta crise — afirma.
Lincoln Freire,por sua vez,defende a implementação de uma “abordagem multidisciplinar” de acolhimento em relação aos imigrantes:
— A direita ataca os imigrantes através da sua política de ódio — afirmou.
Em Boa Vista,o União Brasil vive um impasse que fez com que a sigla registrasse duas candidaturas à prefeitura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — a de Nicoletti e a da deputada Catarina Guerra. Nicoletti deve recorre à Justiça para ser o candidato.
Mas é a 215km de Boa Vista que a tensão em relação ao fluxo de venezuelano se intensifica. Na cidade de Pacaraima o assunto é tratado como a principal política a ser implantada. O local tem apenas 9.583 habitantes,segundo o TSE,e não terá segundo turno.
A presidente da Câmara dos vereadores local,Dila Santos (PDT),se apresenta como alternativa ao atual prefeito,Juliano Torquato. A pedetista defende uma política de acolhimento aos venezuelanos e participou da elaboração de parcerias para gerar empregos aos venezuelanos.
Apoiado pelo grupo do atual prefeito de Pacaraima,Waldery D’Ávila fala em colaboração com a PF para as etapas da Operação Acolhida,que presta atendimento voluntário aos imigrantes e refugiados vindos da Venezuela. Completa a lista de candidatos Hermógenes do Padre Cícero. De acordo com dados da Acolhida,950 mil venezuelanos entraram no Brasil desde 2017. Destes,72% chegaram por Pacaraima.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro