Um dos três presos durante a segunda fase da operação Jammer — Foto: Reprodução
GERADO EM: 05/09/2024 - 04:30
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Nos seis primeiros meses deste ano,o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou à Justiça 58 policiais civis e militares,entre ativos e inativos. Entre os casos investigados,destacam-se as operações Murder Inc. e Pretorianos,em março. A primeira,em conjunto com a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República,levou à prisão os três autores intelectuais do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista,incluindo o ex-chefe de Polícia Civil,o delegado Rivaldo Barbosa. Já na operação Pretorianos,18 policiais militares da ativa e um policial penal,que integravam o grupo do bicheiro Rogério de Andrade,foram presos.
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O Gaeco requereu ainda o bloqueio de R$ 303 milhões das contas dos investigados por integrarem organizações criminosas,tráfico de drogas,milícia armada,contravenção,pirâmide financeira e outros crimes.
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Ao todo,o Gaeco ofereceu 44 ações penais à Justiça contra 325 pessoas neste primeiro semestre,em 42 operações. Entre os denunciados,92 são servidores e ex-servidores públicos; 29 policiais militares da ativa; 11 ex-policiais ou aposentados; 12 policiais civis; dois ex-policiais civis ou aposentados; um policial penal; e três delegados de polícia. Também foram denunciados três ex-prefeitos,cinco ex-secretários municipais e mais 26 outros prestadores de serviços públicos.
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Segundo o promotor Fabio Corrêa,coordenador do Gaeco,os números revelam três aspectos da atuação do grupo especializado do MPRJ: o combate às atividades das organizações criminosas; as investigações financeiras e patrimoniais; e as investigações em parceria com as corregedorias para o enfrentamento à corrupção praticada por agentes públicos.
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Para o coordenador do Gaeco,não há diferença entre organizações criminosos e milícias:
— Essas facções e milícias já não têm mais uma dicotomia tão marcante. Elas aprenderam,umas com as outras,a realizar as mesmas práticas. E hoje,efetivamente,o que vale para cada um desses grupos é o território e toda a forma de exploração que eles possam exercer sob domínio em relação às pessoas que orbitam aquelas localidades — disse o promotor.
Entenda cada operação do Gaeco:
Pretorianos
Deflagrada em março,a ação teve como objetivo o cumprimento de 20 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão. Entre eles,havia 18 policiais militares da ativa e um policial penal,que integravam o grupo liderado pelo bicheiro Rogério de Andrade. Nesta operação,o Gaeco denunciou 31 pessoas pelo crime de organização criminosa à Justiça.
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Jammer
Foram cumpridos três mandados de prisão e sete de busca e apreensão contra o esquema criminoso chefiado por Ronnie Lessa,assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL),e Maxwell Simões Corrêa,conhecido como Suel,ambos denunciados na primeira fase da operação. O objetivo da ação foi combater a organização criminosa voltada à exploração clandestina de atividades de telecomunicação,televisão e internet,ou seja,o gatonet. Seis pessoas foram denunciadas na segunda fase da operação Jammer,que ocorreu também em março.
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Murder Inc.
A Força-Tarefa Marielle e Anderson do Gaeco,a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República desencadearam,em março,a operação Murder Inc.,que levou à prisão dos acusados de serem os mandantes do assassinato da parlamentar e de seu motorista,além da tentativa de homicídio contra a assessora Fernanda Chaves. Três meses depois,o Gaeco obteve a condenação do ex-policial militar Rodrigo Ferreira,conhecido como Ferreirinha,e da advogada Camila Nogueira por obstrução das investigações. Eles foram condenados a quatro anos e seis meses de prisão em regime fechado. Os promotores recorreram da sentença para aumentar a pena deles.
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Ás de Ouros
A lavagem de dinheiro também foi alvo de investigação do Gaeco na operação Ás de Ouros III. A ação foi deflagrada em março para o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão. Nesta operação,13 pessoas foram denunciadas à Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
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Naufrágio
Em abril,houve o cumprimento de 12 mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra integrantes de uma milícia suspeita de atuar na Comunidade Bateau Mouche,na Praça Seca,em Jacarepaguá,na Zona Oeste do Rio. O Gaeco denunciou à Justiça 16 pessoas por associação criminosa,extorsão a comerciantes,empreendedores,vendedores ambulantes e mototaxistas,bem como por corrupção ativa. Entre os denunciados,estavam um policial civil e dois PMs.
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Bancarrota
Para combater a exploração do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis,foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 14 endereços ligados ao contraventor José Caruzzo Escafura,o Piruinha,em abril.
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Escritório do Crime
Em maio,o Gaeco conseguiu a condenação dos irmãos Leandro Gouvêa da Silva e Leonardo Gouvêa da Silva,conhecidos como 'Tonhão' e 'Mad',integrantes da organização criminosa conhecida como Escritório do Crime,no IV Tribunal do Júri da Capital. Eles foram condenados a 26 anos e oito meses de reclusão,em regime fechado. Os dois foram denunciados em maio de 2020 pelo crime de homicídio qualificado de Marcelo Diotti.
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Força-Tarefa contra a ocupação irregular
No combate às construções ilegais e ocupações irregulares na cidade,a Força-Tarefa de Enfrentamento à Ocupação Irregular do Solo Urbano (Gaeco/FT-OIS) atuou junto com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) em operações de demolição de imóveis construídos irregularmente em áreas dominadas pelo tráfico e pela milícia. Em maio,o MPRJ e o município de Maricá firmaram um acordo de cooperação técnica semelhante ao que foi feito com a capital,com o mesmo objetivo. Além de evitar os danos decorrentes dessas invasões,a finalidade é inibir a ação de organizações criminosas que se valem dessas construções para se fortalecer e estabelecer domínio sobre o território e as comunidades.
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Ruptura
Em junho,o Gaeco cumpriu 19 mandados de busca e apreensão decorrentes de investigação de crimes de constituição de milícia privada e lavagem de capitais cometidos por integrantes da organização criminosa conhecida como "Bonde do Varão",atuante em Nova Iguaçu.
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