. Em Brasília,governadores conseguiram aprovar projeto que renegocia as dívidas dos estados com a União — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
GERADO EM: 19/12/2024 - 21:55
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Dois meses após declarar que não concorreria a nenhum cargo em 2026,o governador do Rio,Cláudio Castro (PL),reavalia o cenário e volta a cogitar uma candidatura ao Senado. Em conversa de fim de ano com jornalistas no Palácio Laranjeiras,Castro disse ter um “perfil bom” para a Casa e afirmou que está “se aproximando de novo” do vice-governador Thiago Pampolha (MDB),com quem havia rompido em março.
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Estar em paz com Pampolha é central para a decisão de concorrer ou não a algum cargo daqui a dois anos,dado que o governador precisaria deixar a cadeira em abril para poder disputar eleições. Com isso,o emedebista assumiria o Guanabara e despontaria como candidato natural à reeleição. O grupo de Castro enfrenta dificuldades para definir um bom postulante ao governo,em disputa que deve ter o prefeito da capital,Eduardo Paes (PSD),como principal adversário.
Antes de fazer o gesto de reaproximação com seu vice,Castro voltou a se sentir estimulado a tentar o Senado por causa do aval reforçado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do senador Flávio Bolsonaro (PL). São duas vagas em disputa em 2026: Flávio é candidato a mais oito anos,e Castro teria o segundo espaço “reservado” pelo PL.
Ao anunciar em público a possibilidade,o governador “segura” o posto e evita uma corrida entre outros nomes. Alguns aliados,contudo,consideraram a estratégia precipitada. O governo está mal avaliado,e não seria o momento de se lançar candidato — caso ele decida disputar algum cargo,deputado federal seria uma opção mais garantida. Também há a avaliação de que o poder da máquina,somado ao apoio dos Bolsonaro,já seria suficiente para segurar a vaga.
Na conversa com os jornalistas,Castro admitiu cogitar “outros voos” após citar a articulação pela aprovação do Propag,projeto que renegocia dívidas dos estados com a União.
— Quando eu faço o que fiz essa semana no Senado,todo mundo fala: “Você tem perfil bom para estar ali”. Mas estar pensando 100% na cadeira (de governador) é fundamental até que a gente esteja mais organizado,ainda que eu saiba que sou alguém de perfil para outros voos — afirmou.
O governador reconheceu que teve um ano de “muitos conflitos” com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio,Rodrigo Bacellar (União). Embora tenha afirmado que “o momento é de paz”,Castro alegou que Bacellar não é seu “funcionário”,e que eventuais divergências entre eles não seriam incomuns.
O próprio Bacellar cogita concorrer ao Guanabara em 2026. A candidatura,no entanto,seria mais viável caso o presidente da Alerj já ocupasse a cadeira de governador,o que exigiria renúncias tanto de Castro como de Pampolha.
Antes de Castro dizer que não concorreria a nada em 2026,afirmação feita em outubro,pesava contra ele uma investigação da Polícia Federal por supostos desvios de recursos públicos,que o deixava fragilizado.
Em outubro,o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça determinou o trancamento dos inquéritos,alegando que houve “nulidades” na investigação conduzida pela PF. Na ocasião,o governador admitiu alívio e passou a dizer que ficaria na cadeira de governador até o fim do mandato — postura que agora já está sendo revista.
Sobre a sucessão estadual,Castro defendeu que a escolha do candidato seja feita em acordo entre os principais partidos da base governista,que inclui siglas como PP,MDB,União Brasil e o próprio PL. Ao elencar possíveis nomes,mencionou Bacellar,Pampolha,o atual secretário estadual de Transportes,Washington Reis (MDB),e até o deputado Alexandre Ramagem (PL) — que irritou o governador,durante a campanha à prefeitura,ao chamar a gestão do estado de “medíocre” na área da segurança.
Ramagem é próximo de Bolsonaro. Em outro aceno ao bolsonarismo,o chefe do Guanabara disse que a prisão do ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto,acusado de envolvimento na suposta trama golpista de 2022,mostra uma “criminalização excessiva” da política.
— É muito triste que o Brasil não consiga sair desse excesso de polarização. Acho que o Brasil está perdendo a capacidade de virar a página. As coisas ficam vivas,sempre com muita criminalização da política — alegou Castro. — Achei que esse tempo tinha acabado com o fim da Lava-Jato. Às vezes,quando a investigação é vazada,a gente vai procurar e nem consegue achar elementos tão claros para algumas situações (que são investigadas).
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