Arthur Lira presidindo sessão da Câmara dos Deputados — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
GERADO EM: 08/07/2024 - 04:00
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
LEIA AQUI
Cobiçada pelos candidatos à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara,a bancada do PL,que conta com 95 parlamentares,negocia para ocupar a Mesa Diretora da Casa a partir do ano que vem. Citado como possível nome a ser lançado pelo partido no primeiro turno da disputa,o líder na Câmara,Altineu Côrtes (RJ),agora surge como trunfo para que a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro abra mão da disputa e conceda o apoio a um dos nomes do páreo,como Elmar Nascimento (União-BA),Antônio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). Como condicionante aos apoios,a legenda comandada por Valdemar da Costa Neto pede a primeira vice,em uma futura presidência.
Antônio Brito e Elmar Nascimento já sinalizaram a Valdemar que aceitam ter Altineu no posto,caso o partido feche questão em torno dos seus nomes. Além de conduzir sessões na ausência do próximo presidente,o 1º vice-presidente da Câmara também é o vice-presidente do Congresso,o que dá ao partido que ele integra um poder maior de influência nas decisões da Casa.
A negociação,entretanto,não se restringe apenas a este posto. Bolsonaristas condicionam este apoio ao compromisso com pautas conservadoras,especificamente às relacionadas à indústria armamentista e às matérias de "comportamento". A defesa de uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados que estão sob investigação pelos atos de 8 de janeiro também faz parte das conversas.
Entre os principais nomes que surgem na disputa,Marcos Pereira ainda precisaria vencer resistências do próprio Bolsonaro,já que os dois acumularam rusgas nos últimos anos. Embora tenham se encontrado recentemente em Brasília e apaziguado a questão,um eventual apoio ainda precisaria romper esta barreira pessoal.
Brito,apesar de ser o nome mais atrelado ao governo,tem feito gestos ao bolsonarismo para se afastar da pecha de "candidato do Lula". Na última semana,o candidato do partido comandado por Gilberto Kassab (PSD) encontrou Bolsonaro em Brasília e ganhou dele a "medalha de imbrochável" — presente dado pelo ex-mandatário a quem o visita. No encontro,Brito teria colocado a Bolsonaro o mesmo já dito a Valdemar: que gostaria de contar com o apoio da sua bancada e não se furtaria em conceder a primeira vice-presidência a Altineu,em nome de um projeto que recebesse apoios de governistas e da oposição,a exemplo do que ocorreu na reeleição de Lira.
Elmar,visto no momento como favorito de Lira para o posto,fez o mesmo caminho e já sinalizou que o PL teria um generoso espaço em sua Mesa Diretora,simbolizado pela presença de Altineu. Elmar surge como único nome,até o momento,do bloco do qual faz parte e conta com 173 parlamentares. Nas suas contas,caso consiga o apoio dos partidos que estão em seu bloco,a vinda do PL seria decisiva para resolver a questão já no primeiro turno da disputa.
Procurado,Altineu evita falar no futuro,mas ressalta a importância do PL como "fiel da balança" nas próximas eleições da Câmara.
— Eu estou sempre a serviço do PL. Bolsonaro e Valdemar decidirão o meu destino,o nosso apoio. Mas,todos sabem que o PL é fundamental para quem quiser suceder o Lira,dá grande estabilidade a qualquer candidatura. Estamos construindo esses diálogos — afirma.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro