pesquisa rápida
Hoje:

Zerar o imposto da carne é uma injustiça social

Jul 16, 2024 Filmes IDOPRESS

Açougue no Rio de Janeiro — Foto: Gabriel de Paiva

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 16/07/2024 - 00:05

Imposto zerado na carne gera críticas ambientais e sociais

A decisão da Câmara de zerar o imposto da carne é criticada por prejudicar a justiça social e ambiental. Subsídios beneficiam setor ineficiente,mantendo preços altos. Transferências diretas seriam mais eficazes. Emissões de CO2 são preocupantes. Senado deve rever a medida.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

LEIA AQUI

A decisão da Câmara dos Deputados de zerar o imposto da carne na regulamentação da reforma tributária provocará uma enorme injustiça ambiental,econômica e tributária.

Candidatura: Convenção Republicana começa sob impacto de atentado contra Trump e com segurança reforçada

O estudo do Instituto Escolhas “Do pasto ao prato: subsídios e pegada ambiental da carne bovina” mostrou que o setor da pecuária recebeu dos cofres públicos,em apenas dez anos (2008-2017),R$ 123 bilhões em subsídios (governos federal e estaduais). Esses subsídios corresponderam a 79% do que foi arrecadado em impostos na cadeia da carne bovina nesse período. Isso significa que,por ano,foram concedidos R$ 12,3 bilhões em subsídios,e o valor arrecadado em impostos no setor foi de R$ 15,1 bilhões.

Gravação de Ramagem: Bolsonaro sugere falar com chefe da Receita e do Serpro sobre rachadinha de Flávio; ouça o áudio

Com todo esse volume de subsídios,o preço da carne sempre se manteve alto. Não será agora que a picanha chegará custando pouco à mesa de quem ganha salário mínimo.

Mais Sobre Reforma tributária

Secovi faz as contas e pede desconto maior no imposto para evitar que Reforma Tributária encareça imóveis

Reforma Tributária: Especialistas consideram que trava para manter limite da alíquota em 26,5% pode não funcionar

A pecuária de carne bovina é ineficiente economicamente,já que boa parte do que arrecada em impostos é bancada pelos subsídios concedidos pelo poder público. A decisão da Câmara sobre o setor só agravará essa situação,deixando o peso tributário da atividade inteiramente nas costas da população de baixa renda. Tanto é que os técnicos da Receita Federal mostraram que zerar o imposto da carne acarretará acréscimo na alíquota geral de 0,53 ponto percentual.

O que seria mais eficiente? Dar subsídios à cadeia inteira da carne,cujos preços são afetados por inúmeros fatores como a exportação,fazer transferência direta de renda às populações mais vulneráveis ou ao menos beneficiá-las com a devolução do imposto pago,o cashback?

Estudos do governo federal mostram que a transferência direta de recursos,via Bolsa Família,tem impacto 12 vezes maior sobre a desigualdade que a desoneração da cesta básica. Seria esse o caminho para assegurar o consumo de alimentos por parte dos setores mais vulneráveis. Zerar o imposto da carne é uma injustiça social,já que o pedaço de acém no prato da população de baixa renda servirá para bancar o filé-mignon na mesa de quem não precisa de apoio do poder público.

O estudo do Escolhas também mostrou que a pegada de carbono da cadeia da carne,que mede as emissões de gases de efeito estufa,apontou números preocupantes,ligados ao desmatamento. A média do Brasil para o período de 2008 a 2017 foi o equivalente a 78 quilos de CO2 por quilo de carne. Se olharmos para os estados da Amazônia que sofrem com a pressão da fronteira e desmatamento,esse valor sobe para 782 quilos de CO2 em Roraima e 296 quilos no Pará.

Diante desses números,é legítimo questionar a decisão da Câmara de zerar o imposto da carne justamente por contribuir para a manutenção de produtores que não conseguem competir em condições normais de mercado,em razão de sua ineficiência e pouca lucratividade. E que ainda por cima degradam o meio ambiente.

Os recursos concedidos ao setor da pecuária devem estar condicionados a exigências de compromissos e metas que tornem a produção do setor mais eficiente e mais sustentável,reduzindo as emissões dos gases de efeito estufa,eliminando o desmatamento e melhorando a produtividade.

Por isso é fundamental e urgente que o Senado reveja a decisão da Câmara dos Deputados de zerar o imposto da carne.

*Sergio Leitão é diretor do Instituto Escolhas

Pesquisa rápida

Reportagem diária do entretenimento brasileiro:Receba todas as últimas notícias e atualizações de entretenimento - sua melhor fonte de todas as coisas da cultura pop! De resenhas de filmes a notícias musicais, nós ajudamos você. Mantenha-se informado e nunca perca as últimas novidades do mundo do entretenimento. Por favor, siga-nos a qualquer momento!

© Reportagem diária do entretenimento brasileiro