Treinada por Maria Suelen,Beatriz Souza é esperança de medalha brasileira no judô — Foto: Divulgação COB
GERADO EM: 23/07/2024 - 04:30
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Ippon e waza-ri são termos que levam a memória brasileira diretamente ao pódio olímpico. Não é por acaso. O judô carrega o status de ser o esporte que mais deu medalhas ao país: 24 no total,sendo 18 dos homens e seis das mulheres. Em Paris-2024,a modalidade também segue a tendência do protagonismo feminino que cerca todo o megaevento.
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Três nomes surgem com força nos tatames parisienses: Rafaela Silva,Mayra Aguiar e Beatriz Souza. As duas primeiras dispensam comentários: Rafa é medalhista de ouro da Rio-2016 e atual quarta no ranking mundial na categoria 57kg; Mayra busca seu quarto pódio seguido em Olimpíadas — algo que só a cubana Idalys Ortiz e o francês Teddy Riner conseguiram.
A terceira expectativa de medalha está sob os ombros da estreante Beatriz Souza,de 26 anos,na categoria +78kg. Apesar do currículo recheado de conquistas,ela nunca disputou os Jogos Olímpicos. Esteve bem próxima de ir a Tóquio-2020,mas foi preterida por Maria Suelen Altheman. Um duro golpe.
Beatriz e Suelen travaram uma disputa acirrada pela vaga,que ficou ainda mais dura quando as duas conquistaram o bronze no Mundial do ano olímpico. Beatriz havia vencido a francesa Julia Toloufa por imobilização e conquistado sua primeira medalha em Mundiais adultos,aos 23 anos; Suelen derrubou a cubana Idalys Ortiz,na primeira vitória sobre sua arquirrival depois de incríveis 17 derrotas em 17 lutas. No fim,prevaleceu a experiência de Suelen,que disputou os Jogos pela terceira vez.
Suelen sofreu ruptura do tendão patelar do joelho esquerdo em combate contra a francesa Romane Dicko nas quartas de final. Durante a recuperação,ela,que já tinha planos de se tornar treinadora,amadureceu a ideia e se aposentou aos 34 anos. Hoje,é a treinadora de Beatriz no Esporte Clube Pinheiros.
— Quando soube da decisão dela,pedi para ser minha treinadora — conta Beatriz,que ficou mal após Tóquio-2020,mas continuou a ajudar a amiga-rival na preparação. —Falei para mim mesma que não sentiria aquilo de novo. Foi uma chave importante que virei.
As duas sempre foram próximas,e Suelen deu conselhos a Beatriz a vida toda. Sparring de Suelen na Rio-2016,Beatriz acredita que,por conta desta concorrência interna,teve seu maior crescimento esportivo no ciclo passado,quando a briga pela vaga foi decidida “pelos juízes”.
—O que mudou é que não precisei disputar vaga com ela. Olha que maravilha — brinca Beatriz,hoje quinta do ranking mundial e cabeça de chave em Paris. —Sou muito grata pelo fato de ela ser minha técnica,assim como pelo que me proporcionou quando disputamos vaga. Cresci porque queria chegar a Tóquio,e ela era a primeira adversária a ser batida. Foi quando tive a minha maior evolução.
Hoje,ela conta que entende que aquela não era a sua Olimpíada. Ainda precisava amadurecer. E não perdeu tempo,pois o ciclo de Paris-2024 foi de apenas três anos. Das 18 competições internacionais disputadas desde Tóquio-2020,ela foi ao pódio em 13,tendo vencido oito. Em 2024,conquistou o ouro no Grand Prix de Linz,na Áustria.
O currículo da paulista de Itariri impressiona e faz frente às principais concorrentes em Paris,como a turca Kayra Ozdemir,a israelense Raz Hershko e a francesa Romane Dicko,bronze em Tóquio. Beatriz conta com seis medalhas em mundiais (duas pratas e quatro bronzes),12 em Grand Slam (três ouros,duas pratas e sete bronzes),e dez em Pan-Americanos de Judô (seis ouros,duas pratas e dois bronzes),entre juvenil e adulto. No fim do ano passado,foi ao pódio nos Jogos Pan-Americanos de Santiago (bronze) e,em dezembro,foi escolhida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) a melhor do ano em sua modalidade.
Para a técnica da equipe feminina Andrea Berti,a categoria de Beatriz está extremamente equilibrada. Não é possível cravar uma favorita nem quais seriam as adversárias mais difíceis da judoca no dia 2 de agosto.
—Apesar de estreante,ela é uma atleta experiente em circuito mundial,já tendo resultados expressivos,como três medalhas em Mundiais sênior. A Bia terá que enfrentar adversárias que,assim como ela,apresentam muita habilidade técnica e desempenho consistente. No entanto,ela é extremamente competente e está trabalhando diariamente em cima das suas dificuldades,aperfeiçoando seu talento,com muita dedicação. Por isso,acreditamos que ela tem chances reais de conquistar uma medalha — acredita Andrea.
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