Nicolau Santos falava na comissão parlamentar de Cultura,Comunicação,Juventude e Desporto,no âmbito da audição dos membros indigitados para o Conselho de Administração da RTP.
"Nos últimos dois anos a massa salarial da RTP aumentou mais de oito milhões de euros,e aumentou porque a RTP segue as indicações" dos governos relativamente aos valores atribuídos à Função Pública em termos de aumentos salariais,referiu.
"Neste momento,a massa salarial total já ultrapassa metade do que recebemos da contribuição audiovisual e nós temos andado a tentar acomodar esta situação através de cortes na grelha,mas obviamente que este caminho tem um fim",apontou o gestor.
Por isso,"quando falo na necessidade de mudarmos o perfil dos trabalhadores da RTP,tecnológico essencialmente,isso implica,e o nosso programa de saídas voluntárias tem essa indicação",que é "por cada dois trabalhadores que saiam nós possamos contratar um".
O que "esperamos é que se este programa de saídas voluntárias,que tem sido pedido pelos sindicatos,for aprovado pela tutela,esperamos conseguir conter o aumento da massa salarial e ao mesmo tempo conseguir diminuir o nível etário da RTP" como também ter trabalhadores com outro perfil dentro da empresa que lidem com o digital,prosseguiu.
Em suma,"fazer diferente com menos gente do que temos atualmente",apontou.
Nicolau Santos asseverou que a "RTP cumpre escrupulosamente as leis" em termos de contratações e ilustrou como decorre o processo de contratações na empresa e o que é feito para mitigar as necessidades,bem como as situações de trabalhadores de empresas de 'outsourcing' que por decisão do tribunal passaram a ser integrados na empresa.
Relativamente ao Contrato de Concessão de Serviço Público (CCSP),o presidente da RTP disse que já abordou o tema com o ministro da tutela e que espera que no âmbito da revisão - que já deveria ter sido feita - o Conselho de Administração possa dar a sua opinião sobre o tema.
Por sua vez,o vogal Hugo Figueiredo deu conta de algumas limitações em termos de obrigações que a RTP tem,ao abrigo do atual contrato de concessão.
Já Sónia Alegre,o terceiro elemento da administração e que tem o pelouro financeiro,considerou ser "necessário de certa forma adequar aquilo que são os objetivos ao financiamento existente",atendendo que 80% da receita é dependente da CAV (Contribuição para o Audiovisual).
"Como disse o Nicolau [Santos],é necessário rever aquilo que temos dentro da RTP",desde o património e algumas funções que têm atualmente "para ver onde conseguimos mexer para encaixar tudo isto".
O Plano Estratégico tem por base "a transição digital",um "investimento significativo do ponto de vista tecnológico",a "alteração de processos,tornar uma empresa mais ágil (...),é um desafio",acrescentou a gestora,que admitiu não ter experiência de media.
"Mas diz-me a experiência,que saí do setor da banca para os transportes,que é realmente uma mais-valia haver aqui uma cabeça com ideias diferentes e com formas de ver as coisas",prosseguiu Sónia Alegre,referindo que,ainda assim,a administração converge no essencial.
Questionada sobre o facto de não ver televisão,argumentou: "Não via,passei a ver. Acho que a certa altura acabou por ser uma decisão pessoal e familiar de gestão de tempo,não significa que eu não esteja informada na mesma,até por força das funções que tenho tido".
Mas "sem dúvida nenhuma poderei acrescentar aqui algumas ideias",rematou.
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