Contas de luz ficarão mais caras por causa da seca que afeta os reservatórios das hidrelétricas — Foto: 15-08-2023
GERADO EM: 03/09/2024 - 04:42
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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) surpreendeu,na última sexta-feira,ao anunciar o acionamento da bandeira vermelha patamar 2. Com o anúncio,economistas ouvidos pelo GLOBO esperam uma alta na conta de luz que pode variar entre 10% e 13% este mês. O percentual depende,entre outros fatores,da utilização média de cada consumidor.
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A bandeira vermelha 2 é a mais alta da escala,que começa com verde,depois amarela e vermelha 1 e 2. O aumento da tarifa sinaliza ao consumidor a necessidade de reduzir o consumo. Ela foi acionada por causa do nível baixo de alguns reservatórios e da necessidade de ligar mais termelétricas,que têm custo maior de geração de energia. A decisão da Aneel surpreendeu,porque a agência passou a bandeira de verde diretamente para o nível mais alto.
Com a bandeira vermelha no patamar 2 haverá um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos,com impacto direto na inflação — que pode fechar o ano acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central. O centro da meta deste ano é de 3%,com piso de 1,5% e teto de 4,5%.
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A inflação acumulada nos últimos 12 meses até julho bateu 4,5%,ou seja,o teto da meta. Pelo Boletim Focus divulgado ontem,a projeção para o IPCA de 2024 subiu pela sétima semana seguida,passando de 4,25% para 4,26%,ainda sem considerar o efeito da bandeira vermelha nas contas de luz.
Para o economista da Terra Investimentos Homero Guizzo,haverá uma alta em torno de 13% no preço da energia em setembro. Isso colocará mais 0,52 ponto percentual ao IPCA deste mês. Ele prevê que o índice de inflação fechará setembro em 0,72%.
Responsável pela área de inteligência da PSR Consultoria,Mateus Cavaliere avalia que a conta terá uma elevação média em torno de 10% este mês:
— Se considerarmos uma residência com um consumo médio de 200 kWh/mês,a conta de luz sairia de R$ 147 para R$ 163,um aumento de R$ 16 — explicou.
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Luis Otávio Leal,economista-chefe da G5 Partners,prevê um aumento de 12% na conta este mês. Para ele,a bandeira não deve voltar para verde neste ano:
— Até o fim o ano,poderemos ir,na melhor das hipóteses,para bandeira amarela,o que deixaria a conta apenas 3% mais cara do que na bandeira verde. Se ficar em bandeira vermelha 2 até o fim do ano,o IPCA de 2024 vai ficar acima do teto da meta — disse Leal.
Já o economista da ASA Investments Leonardo Costa espera um aumento médio de 11,5% na tarifa de energia residencial em setembro. Ele atribui sua estimativa à seca que atinge praticamente todo o país:
— A seca pior do que o esperado justificou a elevação do preço da energia elétrica — afirmou,acrescentando que era esperada bandeira amarela para o mês,não a vermelha.
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Sócio da Tendências Consultoria,Silvio Campos Neto projeta uma alta de 0,43 ponto percentual na inflação deste mês. Porém,ele acredita que é viável um retorno da bandeira vermelha para a amarela até o fim deste ano,o que reduziria boa parte desse impacto:
— Ainda não alteramos nossa projeção do ano (IPCA de 4,1%),pois vamos avaliar melhor essa questão hidrológica a fim de definir qual será a premissa de bandeira para o final do ano.
Andréa Angelo,estrategista de inflação da Warren Investimentos,projeta uma inflação de 2024 em 4,45%,bem perto da meta. Sua estimativa de inflação em setembro aumentou de 0,31% para 0,63%:
— Esperamos que a bandeira vermelha 2 vai se repetir em outubro e voltará para amarela nos meses de novembro e dezembro — afirmou Andréa.
Maikon Perin,especialista da Ludfor Energia,acredita que o acionamento de bandeira vermelha 2 terá como consequência um reajuste superior a 10%. em setembro.
Perin destaca que,apesar de os preços do mercado livre de energia estarem elevados se comparados com períodos anteriores,o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 estimula a migração das unidades consumidoras para esse ambiente de negociação mais competitivo.
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