"Parece certo que o encontro resultará em corte das taxas de juro e novamente de 0,25 pontos percentuais como em junho",aponta Ricardo Amaro,da Oxford Economics,à agência Lusa.
O economista destaca: "nas últimas semanas tivemos mais sinais de que a zona euro continua com um ritmo de crescimento bastante modesto,com alguns indicadores a sugerir que a dinâmica tem vindo mesmo a deteriorar-se".
"Por outro lado,os últimos dados da inflação e crescimento salarial apontaram para um arrefecimento das pressões inflacionistas,apaziguando alguns membros do conselho de governação",acrescenta.
Apesar da decisão parecer fechada,existe ainda interesse em perceber "se a presidente Lagarde abre a porta a um possível corte em outubro ou se tenta direcionar as expetativas dos mercados na direção de um corte por trimestre nos encontros em que são publicadas novas previsões económicas,o que significaria que o corte seguinte seria apenas em dezembro".
Richard McGuire,analista do Rabo Bank,também indica à Lusa que "o mercado está totalmente preparado para um corte nas taxas na próxima semana",apontando para uma redução de 25 pontos base,prevendo ainda um corte adicional antes do final do ano e 50% de probabilidade de baixarem as taxas em cada uma das três reuniões restantes de 2024.
Para o analista,os investidores vão estar atentos a "quaisquer indícios de que o Banco prevê um corte subsequente este ano,embora tenha estado a jogar as cartas fechadas nesta frente,à medida que prossegue a chamada abordagem reunião a reunião".
As previsões atualizadas para a inflação vão dar "alguma margem para inferir a posição do BCE nesta frente,com qualquer redução das projeções de longo prazo (o Índice Harmonizado de Preços do Consumidor é atualmente estimado em 1,9% em 2026),endossando a especulação de uma flexibilização adicional iminente".
Os analistas da Goldman Sachs também esperam que o Conselho do BCE "apresente o tão esperado segundo corte de 25 pontos base a 12 de setembro",mas indicam que devem existir "alterações limitadas na sua comunicação",numa nota de análise.
Para os analistas do banco holandês ING,"com os últimos dados de inflação da zona do euro,um corte das taxas na reunião de setembro do BCE quase se tornou certo".
"Como a inflação atual se está a aproximar de 2% e as previsões de inflação de longo prazo permanecem estáveis em torno de 2%,o BCE verá motivos suficientes para reduzir ainda mais o nível de restritividade da política monetária",argumentam os analistas,numa nota de análise.
No entanto,existem fatores como "o crescimento salarial ainda alto e as expectativas de preço de venda muito altas" que vão tornar as decisões de corte de taxa posteriores à reunião de setembro "inicialmente mais complicadas e controversas do que as atualmente esperadas pelos mercados financeiros".
Neste cenário,é esperado um corte de 25 pontos base em setembro e dezembro e outros 100 pontos base no conjunto do primeiro semestre do ano que vem.
Mário Centeno,governador do Banco de Portugal,também é da opinião que a reunião de setembro será "fácil",já que o caminho é,na sua opinião,claro. No entanto,a de outubro já será "engraçada",por ser mais incerto e sempre dependente dos dados económicos que serão conhecidos até lá.
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