“Fernanda Young — Foge-me ao controle” — Foto: Divulgação
GERADO EM: 29/08/2024 - 03:31
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Documentários na forma de retratos costumam recorrer a entrevistas formais e a depoimentos de outras pessoas para organizar e comentar a trajetória da personagem,como “Dorival Caymmi: um homem de afetos” (2019). Outros filmes — como “Belchior: apenas um coração selvagem” (2022) — trilham caminho diverso e talvez mais arriscado,o de se restringir ao que o próprio retratado tem (ou teve) a dizer,recolhendo material de arquivo. A segunda alternativa dá imensa força e poder de atração a “Fernanda Young: foge-me ao controle”.
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Durante pouco mais de 80 minutos,é a própria Fernanda (1970-2019) que vemos e ouvimos — em participações na TV (como no programa “Saia justa”),curtas-metragens,ensaios fotográficos,performances e vídeos caseiros,em poemas e trechos de nove de seus 15 livros (de “Vergonha dos pés”,de 1996,a “Posso pedir perdão,só não posso deixar de pecar”,de 2019) lidos pela atriz Maria Ribeiro,e em diálogos escritos por ela e pelo seu marido,o também roteirista Alexandre Machado,para programas como “Os normais” (2001-2003) e “Shippados” (2019).
Trechos de filmes antigos — de Man Ray,Germaine Dulac e Maya Deren,entre outros — são o único material “intruso”. Dirigido por Susanna Lira,o filme recebeu o prêmio de melhor montagem (para Ítalo Rocha) no festival É Tudo Verdade deste ano por uma notável tentativa audiovisual de se aproximar do coração de alguém que dizia ficar “o tempo inteiro indo e voltando”,movida por uma tríade de criação — amor,tempo e morte — que chacoalha essa colagem inebriante.
Bonequinho aplaude.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro