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Na Venezuela, todo mundo que contesta o governo acorda achando que é o dia em que será preso, diz María Corina

Sep 7, 2024 Música IDOPRESS

Líder da oposição venezuelana,María Corina Machado,durante protesto em Caracas — Foto: Pedro Rances Mattey / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 07/09/2024 - 04:30

Líder opositora denuncia terrorismo de Estado na Venezuela

María Corina Machado,líder da oposição na Venezuela,relata um cenário de medo constante sob o governo de Maduro,descrevendo um ambiente de terrorismo de Estado. Ela e seu colega estão escondidos,enfrentando pressões e ameaças do regime. A situação piorou após a eleição,com perseguições e extorsões a presos políticos e suas famílias. A oposição luta por proteção e destaca a importância da resistência e da prudência nesse novo contexto político.

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Mais de um mês após a eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela,os principais líderes da oposição à ditadura de Nicolás Maduro e seus colaboradores estão escondidos,asilados em embaixadas,exilados ou presos. Essa é a realidade que se vive no mundo opositor,segundo descreveu ao GLOBO María Corina Machado,principal figura da campanha que teve Edmundo González Urrutia como candidato à Presidência. Hoje,ambos estão “resguardados” em algum lugar do país e,frisou María Corina,acordam todos os dias “pensando que podemos ser presos”:

— Se você mora na Venezuela e é jornalista,padre,servidor,professor,militar,diplomata,basicamente qualquer coisa,todos os dias quando você abre os olhos pensa que pode ser preso. É um risco permanente.

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A líder opositora denuncia que seu país vive hoje sob “terrorismo de Estado”:

— Como foi dito na reunião da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização de Estados Americanos (OEA),a ditadura de Maduro está usando práticas de terrorismo de Estado.

María Corina diz trabalhar 18 horas por dia — ou mais. O ritmo,conta numa longa conversa por videoconferência,é superior ao que tinha antes da eleição. Seus dias são ocupados por reuniões virtuais com presidentes estrangeiros,autoridades de outros países,representantes de organizações de defesa dos direitos humanos,colaboradores,organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e as Nações Unidas,entre muitas outras. Em muitas dessas reuniões também participa González Urrutia,afirmou a líder opositora.

— Falamos até dez vezes por dia — conta María Corina,que tenta se comunicar todo dia com os três filhos,que moram fora do país,e com sua mãe,que continua em Caracas.

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Como todos os seus colaboradores,a líder opositora está escondida,acompanhada por poucas pessoas. Segundo ela,“estar resguardado significa estar num lugar onde você se sente seguro,com pessoas nas quais você confia,ter cuidado com suas redes sociais e suas comunicações”.

— O regime está desesperado tentando saber onde estamos. Chegaram a prender pessoas e ameaçá-las para que entreguem informações sobre nós — afirma María Corina,que se comunica com sua equipe através de aplicativos como WhatsApp e Signal.

Esta semana,o novo ministro do Interior,Justiça e Paz,Diosdado Cabello,considerado o número 2 da ditadura venezuelana,assegurou saber onde está escondido González Urrutia. Dias antes,o Ministério Público do país,controlado pelo chavismo,emitira um mandado de prisão contra o ex-candidato presidencial,acusado de vários crimes,entre eles o de ter ignorado três intimações em uma semana para apresentar-se no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). González Urrutia foi intimado para dar explicações sobre como a oposição conseguiu as atas eleitorais que diz ter em seu poder e que,segundo suas lideranças,confirmam uma derrota de Maduro. O governo as considera forjadas.

A líder da oposição Maria Corina Machado (E) segura as mãos do candidato presidencial venezuelano Edmundo Gonzalez Urrutia enquanto discursa durante encontro com fiéis cristãos em Caracas — Foto: Raul ARBOLEDA / AFP

Esta semana,o advogado do ex-candidato presidencial,José Vicente Haro,entregou ao procurador-geral Tarek William Saab uma carta em que pede o respeito pela “presunção de inocência” e pelas “garantias processuais”,que,segundo ele,“não estiveram presentes” nas três convocações emitidas pela Procuradoria-Geral da República. À CNN,Haro afirmou que o documento detalha os motivos pelos quais o opositor não compareceu para depor,reforçando que o ex-candidato não foi informado sobre o motivo de sua convocação.

— Há uma situação de impossibilidade de garantir seu direito à defesa,ao devido processo. O que teria acontecido se o senhor Edmundo González Urrutia tivesse se apresentado? — frisou o advogado.

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Segundo ele,o ex-candidato presidencial está “pulando de casa em casa” há várias semanas,e preocupado por sua esposa,Mercedes,que continua no apartamento do casal na capital venezuelana,acompanhada,por momentos,de uma de suas filhas (a outra mora na Espanha).

Sem asilo em embaixadas

A situação em geral na Venezuela se deteriorou de forma expressiva depois da eleição e do não reconhecimento do resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). ONGs como a Foro Penal acompanham as famílias de 2 mil presos políticos que,em muitos casos,nada tiveram a ver com a campanha opositora. Relatos de alguns desses parentes indicam que agentes de forças de segurança estão extorquindo dinheiro das famílias,chegando a pedir até mil dólares para libertar presos.

— Maduro deu sinal verde para uma repressão descontrolada. Jovens são parados nas ruas e obrigados a mostrar seus celulares. Em alguns casos,agentes pedem até US$ 500 (R$ 2.799,30) para não os prenderem. Invadem casas e arrastam as pessoas pelo chão — denuncia María Corina.

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A proteção de seus colaboradores está ficando cada dia mais difícil. Outras fontes da oposição comentaram que embaixadas estrangeiras em Caracas se negaram a receber o pedido de asilo de pessoas vinculadas a lideranças opositoras. O regime comandado por Maduro,enfatiza María Corina,“semeia o terror,e isso não pode ser normalizado”. A mulher,que sempre dormiu pouco,passou a ter noites de insônia.

— Não sei quanto vai demorar,mas começou uma nova era. Já vivemos uma transição — assegura María Corina.

As palavras de ordem,concluiu,são “inteligência,resiliência,audácia e prudência”.

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