Bancos centrais do Brasil,EUA e Japão — Foto: Agência Brasil e Bloomberg
GERADO EM: 16/09/2024 - 00:00
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A semana será decisiva para a condução dos juros em todos os cantos do mundo. No Brasil,a decisão acontece na quarta-feira,18,quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define a nova taxa básica (Selic) por aqui.
Mas a política monetária de duas importantes economias lá de fora também devem impactar diretamente o mercado financeiro por aqui. Também na quarta-feira,os Estados Unidos definem seu novo patamar da taxa básica. Já na madrugada de quinta para sexta,o Japão traça seu rumo na política monetária.
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No Brasil,as apostas são por uma alta da Selic,hoje em 10,5%. Com a piora das expectativas de inflação,um mercado de trabalho aquecido e a pressão de indicadores de atividade pujantes,diversas instituições apostam numa alta de juro para 10,75% ao ano,num ciclo de aperto que só deve terminar em janeiro do ano que vem.
Já nos Estados Unidos,a dúvida é quanto à magnitude do corte. Em agosto,o chefe daquela autoridade monetária,Jerome Powell,em agosto,de que “havia chegado a hora de ajustar” a política,indicando a queda como certa na decisão do Federal Reserve (Fed),o banco central americano,nesta quarta.
No fim dos pregões de sexta-feira nos EUA,as apostas estavam,segundo a plataforma FedWatch,equilibradas: 49% dos agentes de mercado previam um corte de meio ponto,enquanto 51% esperavam um corte de 0,25 ponto percentual.
Na próxima quinta,ainda haverá a decisão do juro do Reino Unido pelo Banco da Inglaterra (BOE,na sigla em inglês),com menor impacto na economia global. O Banco Central Europeu já diminuiu sua taxa na semana passada,demonstrando estar atento ao arrefecimento dos dados de emprego e da inflação na Zona do Euro.
— O preço da moeda americana é mais importante do que todos os outros (preços de divisas nacionais),porque olhamos tudo na economia globalizada com relação ao dólar. É a base de todas as outras moedas e preços do mercado — diz Eduardo Grübler,analista multimercados da AWM,a asset da Warren Investimentos.
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Por isso,o tamanho da redução do juro por lá acaba fazendo a diferença em países emergentes,como o Brasil. A taxa de juros dos EUA é capaz de sugar aplicações do mercado financeiro de todo o mundo. Isso porque ela atrai o apetite de investidores,que escolhem comprar títulos americanos,as treasuries,que são considerados os investimentos mais seguros do mundo.
Como a taxa básica dos EUA no atual patamar,entre 5,25% e 5,5% — o maior nível desde 2001 —,ela se torna mais atraente,levando os agentes financeiros a tirar capitais de diversos países para levar para aquele que é considerado o principal porto seguro.
— O mundo tende a ter condições monetárias mais frouxas. E isso leva o dinheiro a migrar de economias avançadas para emergentes. Com a materialização,esperamos que haja um fator de distribuição de valorização do real — diz Jankiel Santos,economista do Santander.
O dólar mexe com vários parâmetros macroeconômicos,como a inflação no Brasil. Um dólar mais barato arrefece o preço de produtos importados,impactando de forma positiva o controle dos preços por aqui. O pãozinho do café da manhã do brasileiro,por exemplo,é um dos itens que possui forte influência do dólar,já que a maior parte do trigo da sua composição vem de outros países.
Na madrugada de quinta para sexta-feira,é a vez de o Banco Central do Japão (BoJ,na sigla em inglês) também definir sua taxa de juro. A última vez em que houve a decisão — alta de 0,1% para 0,25% ao ano,no fim de julho —,houve uma corrida para desmontar posições conhecidas como carry trade.
Também conhecida como “carrego”,a operação consiste em ganhar entre as diferenças previstas para o câmbio e para os juros entre dois países. Os investidores tomavam dinheiro emprestado num país onde o juro é baixo — o Japão permanecia com sua taxa de juro no campo negativo até março deste ano — e aplica em outro no qual a taxa é elevada,como em países emergentes.
Com a elevação da taxa básica no Japão em 31 de julho,houve uma corrida nos dias seguintes para “desmontar” os empréstimos realizados para pagar a dívida contraída em iene,já que havia tendência do juro aumentar ainda mais.
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'Skeletonics',um traje produzido pelo fabricante japonês de robôs Robot Ride,em exibição na zona de emergência e mobilidade do 'Japan Mobility Show' em Tóquio — Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP
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Homem veste o 'Skeletonics',e move obstáculos durante uma demonstração no Japan Mobility Show em Tóquio — Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP
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Uma mulher é carregada em uma maca-robô produzida pela Attraclab,durante uma demonstração no Japan Mobility Show em Tóquio — Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP
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K-RACER-X1,uma aeronave não tripulada de decolagem e pouso vertical (VTOL) de médio porte desenvolvida pela Kawasaki Heavy Industries,em exibição na zona de emergência e mobilidade do Japan Mobility Show em Tóquio — Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP
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Um homem veste o 'Skeletonics',e move obstáculos durante uma demonstração no Japan Mobility Show em Tóquio — Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP
Inovação exposta na Japan Mobility Show demonstra como os itens podem substituir os humanos em países com escassez de trabalhadores e muitas ocorrências
O episódio da “segunda sangrenta” ilustrou bem isso. Os mercados globais derreteram no dia 5 de agosto,com investidores de todo o mundo se desfazendo de ações para liquidar as dívidas contraídas no país asiático,já que adiar o pagamento dos empréstimos poderia sair mais caro diante de uma nova alta de juros.
Mas,para Grübler,da AWM,esse movimento brusco não deve voltar a se repetir:
— O dinheiro tomado no carry trade foi liquidado. Havia uma posição grande,que forçou a liquidação forte dado o último aumento (de juros no Japão). Isso já ocorreu e não vai ocorrer de novo agora,porque as operações se demoram para acumular e já se sabe a trajetória (dos juros) — ele diz,afirmando que oscilações podem acontecer,mas não da magnitude como vista no início do mês passado.
A aposta dos agentes para a reunião do comitê japonês é de manutenção na taxa no atual patamar,em 0,25%. O que os investidores esperam é a sinalização de uma eventual alta em encontros futuros.
Dólar: no ano,divisa já valorizou 14% frente o real — Foto: Andrew Harrer / Bloomberg
Para além das decisões dos bancos,o atual patamar do câmbio deve seguir sem alívio. Isso porque,para o economista do Santander,o mercado já aposta numa alta na Selic e numa redução do juro americano. A provável confirmação dessa trajetória,na quarta-feira,não deve aliviar o preço da divisa:
— Num primeiro momento,não veremos o câmbio baixando. Já está precificado um processo de alta de juro no Brasil. A medida que isso se materialize e perdure,a mensagem do comunicado e a ata pode reforçar a tendência de valorização do real por diferenciação de taxa de juro. Se ficar mais explícito,cristalino para os agentes econômicos a direção,tanto no Brasil como nos EUA,aí sim pode ter impacto de valorização na moeda — afirma Jankiel.
Segundo ele,os preços das principais commodities exportadoras do Brasil em baixa — petróleo e minério de ferro — e a perdura da desconfiança dos agentes quanto a condução da política fiscal brasileira ainda seguirão impactando o valor da divisa.
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