Vista aérea de um incêndio ilegal na floresta amazônica às margens da BR-230,no Amazonas: o bloco europeu vai impedir a entrada de produtos que venham de áreas desmatadas — Foto: Michael Dantas/AFP
GERADO EM: 17/09/2024 - 04:00
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As queimadas recordes este ano terão um custo econômico para além das perdas na agricultura brasileira,no país que é líder nas exportações de diversos produtos,como soja,milho,café,açúcar,suco de laranja e carnes. Integrantes do governo e do setor privado admitem que os incêndios preocupam não só pelo fogo em si,mas porque podem ser usados para desqualificar a produção brasileira.
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Esse risco para as exportações se soma à queda de diversas safras (leia mais abaixo),o que torna a crise conjunta do fogo e da seca uma ameaça econômica.
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Diante desse cenário,o governo tem levado ao exterior a mensagem de que os incêndios ocorrem em meio a uma forte seca,de que há suspeita de ações criminosas e que outros países também sofrem com o fogo. Além disso,afirma que o Brasil está atuando para conter os problemas. Por isso,argumenta o governo Lula,não haveria motivos para punir as exportações brasileiras.
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O governo tenta contornar críticas sobre as queimadas em um momento particularmente delicado: a nova regra da União Europeia (UE) que veta importações de produtos oriundos de áreas desmatadas entra em vigor em 1º de janeiro de 2025. Agilizar compromissos assumidos,como o fim do desmatamento ilegal e a melhora do sistema de rastreabilidade de animais,é um caminho em discussão,como forma de aliviar a pressão externa.
Integrantes do governo sabem que a UE e outros parceiros internacionais não voltarão atrás na aplicação de leis mais rígidas na compra de produtos de áreas desmatadas,mas pedem mais tempo de adaptação às novas regras. Para atingir esse objetivo,além de conversas bilaterais,o Brasil tem como estratégia chamar os países com florestas tropicais e exportadores de produtos agrícolas para pressionar as nações desenvolvidas. São exemplos Colômbia,Equador,Malásia,Indonésia e Congo.
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da selva amazônica em Apuí,Estado do Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica,em Apuí,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Rosalino de Oliveira joga água tentando proteger sua casa enquanto o fogo se aproxima em uma área da floresta amazônica,perto de Porto Velho,Rondônia — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Moradores e bombeiros no noroeste do Brasil estão lutando contra os incêndios que assolam a Amazônia,destruindo terras agrícolas e ameaçando suas casas,em Porto Velho — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da selva amazônica em Apuí,Estado do Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Imagem aérea mostra fronteira entre a selva amazônica a área degradada por queimadas a mando de madeireiros e fazendeiros,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Um tamanduá morto é visto em um tronco queimado em uma área da selva amazônica,perto de Apuí,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontra tamanduá morto enquanto tentava controlar focos de incêndios,em uma área da selva amazônica perto de Apuí,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) exibe corpo de cobra nativa carbonizada em uma área da floresta amazônica,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Voluntário acende uma fogueira para criar um aceiro para impedir o progresso de um incêndio iniciado por agricultores que limpam uma área da selva amazônica,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Uma das técnicas de combate às chamas é o aceiro,retirada de faixa de vegetação,por meio da queimada controlada ou manualmente. Quando o incêndio florestal encontra a faixa já degradada perde força pela falta de combustível para se alastrar — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica,ao norte de Sinop,no Mato Grosso — Foto: CARL DE SOUZA / AFP
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Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes durante um incêndio na floresta amazônica do Brasil,em Apui,estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
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Membro da brigada de incêndio do Ibama bebe água,durante a dura missão de tentar controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica perto de Apuí no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica,no Mato Grosso — Foto: CARL DE SOUZA / AFP
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Membros da brigada de incêndio e soldados do Exército do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí,no Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí,Estado do Amazonas — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Em junho de 2021,o estado de Rondônia registrou 836 focos de queimadas e incêndios,praticamente o dobro do registrado no mesmo mês de 2020 (428 focos) — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
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Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em um terreno desmatado da floresta amazônica brasileira,estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
Desmatamento na Floresta Amazônica cresceu 34% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação a biênio anterior
Somente para o bloco europeu,a estimativa é que o Brasil deixará de vender mais de um terço do que embarca,algo em torno de US$ 15 bilhões por ano. Carne,cacau,produtos florestais e soja estão entre os produtos que podem ser atingidos.
Roberto Perosa,secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura,diz que o governo brasileiro concorda com a legislação,mas não há tempo hábil para que as nações se organizem para cumprir as exigências:
— Pedimos uma prorrogação,para que possamos nos estruturar. Mesmo assim,o Brasil tem a produção mais sustentável do mundo e,com certeza,conseguirá entender e responder a todos os questionamentos.
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Perosa salienta que as queimadas e os desmatamentos não ocorrem só no Brasil. Por isso,é preciso trabalhar de forma integrada,para que haja atuação conjunta frente às mudanças climáticas por meio da agricultura,que captura e sequestra carbono na atmosfera.
— Está pegando fogo não só no Brasil,mas também nos Estados Unidos,no Canadá,na Ásia,enfim,temos uma grande mudança climática ocorrendo no mundo todo — diz Perosa.
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Já o diretor de Política Comercial do Itamaraty,Fernando Pimentel,afirma que o governo tem tomado medidas para coibir as queimadas e diz que elas estão vinculadas a uma seca histórica:
— Chamam atenção,sem dúvida,mas existe uma atitude muito firme do governo no combate aos incêndios.
Ex-secretário de Comércio Exterior,o consultor internacional Welber Barral lembra que outros parceiros internacionais importantes devem seguir a mesma linha dos europeus em relação ao desmatamento,como os Estados Unidos e o Reino Unido. Para ele,as queimadas acabam chamando uma atenção negativa contra o Brasil.
— É necessário que o Brasil não só tome medidas efetivas,como divulgue que está tomando essas medidas — afirma Barral,acrescentando que as emissões brasileiras estão bastante vinculadas a desmatamento e queimadas.
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Fernando Sampaio,diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec),diz que as queimadas aumentam a pressão sobre para um controle melhor da rastreabilidade dos produtos agropecuários:
— O setor tem percebido que os impactos climáticos são bem reais. Há um esforço para que algumas agendas sejam aceleradas,principalmente o combate do desmatamento ilegal e a implementação do Código Florestal.
Marcio Astrini,secretário executivo do Observatório do Clima,afirma que o Brasil já devia ter se preparado para a lei europeia. Ele diz que desmatamento e queimadas abalam a imagem do país,ainda mais quando surgem vídeos mostrando que os incêndios foram criminosos:
— Isso passa uma ideia de descontrole do país. É uma situação que acontece todos os anos,uma derrota do Brasil.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro