O cantor e compositor baiano Mateus Aleluia ganhará a distinção “Aquilombamento nas artes” — Foto: Divulgação/Vinícius Xavier
GERADO EM: 08/11/2024 - 16:43
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A Universidade Federal Fluminense (UFF) lança o recém-aprovado título de notório saber em saberes,artes e ofícios tradicionais com festa,no Centro de Artes,de hoje a quinta-feira. Com o novo título,poderão participar dos cursos de graduação e pós-graduação mestres e mestras dos saberes populares e de conhecimentos tradicionais,como indígenas,quilombolas e caiçaras. O encontro Universidade de Ponta Cabeça,segundo os organizadores,busca “um reexame do papel da universidade como espaço hegemônico da produção do conhecimento”.
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Aberto ao público,o evento começa hoje em ritmo pernambucano,nos jardins da reitoria,com feira de vinil homenageando o movimento manguebeat,às 14h,uma roda dos praiás para os encantados,na tradição pankararu,e show da banda Mestre Ambrósio,no teatro,às 19h.
— Esse encontro é da maior importância porque marca uma necessária inversão de olhares da universidade,com uma efetiva abertura para outros saberes que precisam,de fato,adentrar sua vida cotidiana de produção de conhecimento. A institucionalização do notório saber é uma grande realização de uma universidade contemporânea e comprometida com a realidade social brasileira. A entrada desses outros saberes legitimam a universidade e o amplo papel de formação. A partir dessa experiência no Centro de Artes é que esse instrumento de titulação vai se irradiar para toda a UFF,trazendo grandes benefícios para a sociedade e a comunidade acadêmica — assinala o reitor Antonio Claudio Nóbrega.
O lançamento do título de notório saber acontecerá,na terça-feira,às 17h,com homenagens a lideranças já falecidas,como Nego Bispo,escritor e filósofo do quilombo Saco-Curtume,em São João do Piauí (PI); Cícero Franck (Cicinho),do reisado de Juazeiro do Norte (CE); e Mãe Tetê,do quilombo fluminense São José da Serra,de Valença. O cantor e compositor baiano Mateus Aleluia ganhará homenagem com a distinção “Aquilombamento nas artes”,antes de fazer um show,às 19h,no próprio teatro.
O Universidade de Ponta Cabeça é realizado pelo Centro de Artes UFF e a Fundação de Arte de Niterói,com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. O encontro reunirá lideranças das comunidades de diferentes regiões do estado,como Fernando de Alcântara,do grupo Cirandeiro de Paraty; mestra Marilda de Souza do Quilombo do Bracuí (Angra); mestre Cosme,do jongo de Barra do Piraí; mestre Nico,do Caxambu Sebastiana II (Santo Antônio de Pádua); e o grupo Fado de Quissamã,além do mestre Kotoquinho,ogã e liderança das Filhas de Gandhy; e Rodrigo Nunes,da Companhia de Aruanda,que são do Rio.
Alguns desses nomes participarão de rodas de conversa,na terça e na quarta,às 15h,no espaço de fotografia. Também na terça-feira,nos jardins,haverá apresentações da Companhia de Aruanda com participações de Sementes D’África e Sebastiana II. Às 19h,será a vez do Afoxé Filhas de Gandhy. Às 20h,a cantora Marina Iris dá voz ao samba. Como em todos os shows no palco,os ingressos serão distribuídos duas horas antes.
Quem for ao Centro de Artes poderá conferir a exposição “Guardiões: entre o céu e a terra”,de Pérola Santos,e participar,na quarta-feira,da Roda de Ciranda e Fado com o Grupo Cirandeiro de Paraty e o Fado de Quissamã,nos jardins. Às 19h,o show será com Luís Perequê,de Paraty,com participação de Rafael Gandolfo. Às 20h,começará o “Concerto para violas brasileiras”,com Roberto Corrêa e o conjunto Música Antiga da UFF.
O último dia da festa,no jardim,na quinta-feira,terá cortejo e Roda do Conhecimento com Batalha da UFF,Batalha da Marina e Batalha Marginow,antes de Baile Charme de Madureira e Baile Black Bom,às 20h.
Ao reforçar a importância do encontro,o superintendente do Centro de Artes UFF,Leonardo Guelman,diz que a universidade precisa se aproximar de outras matrizes de conhecimento para se alimentar de uma “vontade de beleza”,como falava o professor Darcy Ribeiro:
—Ao longo das duas últimas décadas,em projetos que desenvolvemos,essa ênfase do papel de outras vozes artísticas e expressivas,de diferentes lugares sociais do país,sempre foi uma dominante. É uma imensa alegria caminhar junto com esses mestres e mestras nesse momento. Como ensina Guimarães Rosa,“mestre é quem de repente aprende”.
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