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Interesses de Musk se confundirão com os dos EUA sob Trump

Nov 12, 2024 Música IDOPRESS

Elon Musk (dir.) sobe ao palco para se juntar a Donald Trump durante comício de campanha em Butler,na Pensilvânia — Foto: Jim WATSON / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 11/11/2024 - 21:44

Elon Musk: interesses e influências nos EUA e além.

Os interesses de Elon Musk se alinham aos dos EUA sob Trump,defendendo o fim do banco central independente e impulsionando criptomoedas. Sua influência abrange diversos setores,como automóveis elétricos,regulação de carros autônomos e inteligência artificial. A relação próxima com Putin e sua empresa SpaceX geram tensões e benefícios. A convergência de interesses comerciais e políticos revela um cenário de patrimonialismo,desafiando a independência das instituições e regras tradicionais.

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No final da semana passada,o senador republicano Mike Lee publicou na plataforma X um post curto. Argumentou que o Federal Reserve,o banco central americano,deveria ser controlado pelo presidente da República. Imediatamente Elon Musk retuitou a mensagem de Lee. Entrou na campanha pelo fim do banco central independente. Enquanto isso,as criptomoedas todas disparavam como não se via há anos. Bitcoins voltaram a valer muito.

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Para quem é atento,não há surpresa. Donald Trump é iliberal. Não quer banco central independente,deseja tarifas comerciais altas,despreza organismos multilaterais na gerência do globo. Tudo que o pensamento liberal criou nos últimos cem anos,Trump abomina. Por isso,tampouco deveria ser surpresa ver patrimonialismo,igualzinho ao nosso,brasileiríssimo,surgindo por lá. Neste exato momento,Musk e uma dúzia de bilionários do Vale do Silício já começaram a aumentar suas fortunas inflando o valor das criptomoedas.

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Em julho,um dos principais investidores do Vale,Mark Cuban,desenhou a estratégia. Aumentam as barreiras alfandegárias sobre os importados chineses,aumenta a inflação. Ao mesmo tempo,haverá insegurança em todo o mundo em relação à maneira como Trump cuida da economia americana. Perante inflação,resguardar-se com dólares poderá não ser a melhor escolha. No mínimo,será melhor diversificar. Para Cuban,bitcoins e outras criptomoedas terminariam por aumentar em valor. Já acontece.

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Cuban foi um dos financiadores da campanha de Kamala Harris. Seus rivais no Vale,os sócios Marc Andreessen e Ben Horowitz,apoiaram Trump desde o início e têm pesados investimentos no mundo cripto. O presidente eleito,ele próprio,lançou mais de uma criptomoeda e garante que desregulará seu comércio. Facilitará seu fluxo,claro,mas também aumentará o tombo de quem investir nelas e perder.

A ideia de o Fed perder independência e estar sujeito aos humores da Casa Branca dificilmente prosperará. Ainda há liberais o suficiente no Congresso que compreendem como a ideia é ruim. Mas só especular sobre isso,com Musk fazendo campanha aberta,já deixa o dólar mais inseguro — e as bitcoins mais fortes. Neste momento,muita gente já ganha dinheiro. Opera o mercado como se não houvesse regras e dá o tom de como serão os próximos quatro anos.

Musk só começou. Comprou uma rede social por US$ 44 bilhões,transformou-a numa gigantesca máquina de propaganda trumpista. Quando veio a campanha,mergulhou de cabeça. Comprou acesso direto ao Salão Oval por quatro anos. Quando Trump deu seu primeiro telefonema a Volodymyr Zelensky,o presidente ucraniano,Musk participou. Por quê? Bem,Musk tem contato consistente com o presidente russo,Vladimir Putin,desde 2022. Os russos têm tecnologia espacial avançada,Musk é dono de uma empresa aeroespacial,a SpaceX. Sua companhia é a principal fornecedora de tecnologia da Nasa. Isso quer dizer que ele tem acesso a informação considerada altamente secreta pelos Estados Unidos. Claro: ele faz os foguetes do país. Esse relacionamento próximo deixava o governo Biden tenso. Agora,tornou-se bem-vindo.

Onde se separam os interesses dos Estados Unidos e os interesses comerciais de Musk? Ao que parece,não há mais diferença. Patrimonialismo puro e simples,pois é. Como numa república de bananas.

Seus interesses em regulamentação não se restringem a naves espaciais ou criptomoedas. A Tesla,seu negócio mais famoso,depende de subsídios para vender automóveis e,agora,começa a enfrentar globalmente a concorrência de chinesas como BYD. Elas fabricam carros elétricos mais baratos. Musk precisa de peças fabricadas na China e,simultaneamente,precisa que o acesso ao mercado global dificultado aos chineses. É bem conveniente ser amigo do sujeito na Casa Branca.

Além disso,ele quer acelerar os carros autônomos. A regulação deveria ser pesada,pois não é claro de quem é a responsabilidade quando houver atropelamento. As regras possivelmente serão escritas nos próximos quatro anos. Que conveniente.

E,existe a X/AI. Sua empresa concorrente de OpenAI,Google e outras. Musk se preocupa com o futuro distante,quando talvez inteligências artificiais destruam a humanidade. Mas não tem nenhuma preocupação com discriminação nos algoritmos ou com direitos autorais dos donos do conteúdo usado para treinamento,os problemas comezinhos de hoje.

O governo Trump nem começou.

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