A exemplo dos policiais,os cães do BAC também têm uma escala de serviço. Cada animal trabalha,em média,oito horas. — Foto: Beatriz Orle / Agência O Globo
GERADO EM: 15/09/2024 - 06:00
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Uma equipe de 82 agentes de quatro patas,que enfrenta o perigo sem se abalar com o barulho de tiros,localizou e ajudou a tirar das mãos do crime organizado,do início do ano até o último dia 5,mais de 13,8 toneladas de drogas. Esse não foi o único prejuízo causado por uma tropa canina ao tráfico. Usando o faro apurado em nome da lei,animais das raças pastor belga malinois,labrador,rastreador brasileiro e pastor alemão,do Batalhão de Ação com Cães (BAC) da Polícia Militar,também tiveram participação na prisão de 48 pessoas e na apreensão de 42 armas,incluindo 13 fuzis e uma metralhadora ponto 30,que é capaz de derrubar aeronaves.
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Veja um dos cães do BAC em treinamento para encontrar drogas
Neste mesmo período,os cães,que atuam sempre ao lado de policiais condutores e adestradores,participaram de operações e ajudaram ainda na localização de 56 granadas e 4.774 balas de diversos calibres. Uma dessas ações ocorreu no dia 25 de agosto. Electra,de 2 anos,da raça pastor belga malinois,Fênix e Frozen (ambas da raça labrador) atuavam com seus respectivos parceiros do BAC,em uma operação do Comando de Operações Especiais (COE),na Favela Nova Holanda,quando a primeira sinalizou para uma escola. Ao entrar no local,que estava com uma grade aberta,a cadela sentou-se,apontando para um duto de ar-condicionado,na área externa do estabelecimento de ensino da rede municipal.
A posição tomada pelo animal é uma característica da possível presença de drogas. Ao revistar a rede,os policiais encontraram uma tonelada de maconha prensada. O material apreendido tinha valor estimado em R$ 1 milhão.
Os cães que são candidatos a policiais de quatro patas ingressam no BAC,ainda filhotes,de três maneiras: comprados pela PM após licitação,por doação ou nascidos na própria unidade.
O caminho de formação é longo. Segundo o tenente-coronel Luciano Pedro Barbosa da Silva,comandante do BAC,antes de se tornar um cão policial e estar apto a sair para participar de operações,cada animal é treinado por um tempo que pode chegar a dois anos.
Neste período,verifica-se,entre outras coisas,quais animais vão se adaptar ao cotidiano da vida policial. É importante,por exemplo,que o animal não se importe com o barulho de tiros e de fogos. Os que não se enquadram são geralmente treinados para cinoterapia,tipo de terapia que estimula crianças com necessidades especiais e pacientes debilitados por doenças como câncer.
— Desde pequeno,durante os treinamentos,já colocamos o cão em situações que ele vai enfrentar no trabalho policial. No treinamento,ele já é exposto a barulho,para saber se vai se adaptar a isso — explica o oficial.
Os cães também são incentivados com recompensas para usar o faro visando encontrar foragidos,drogas,armas e até explosivos. O comandante do BAC também aproveitou para esclarecer que os animais não têm contato físico com drogas.
— É importante frisar o seguinte. O cão não tem contato com a droga. Muita gente chega a pensar que o cão é viciado ou algo assim. Mas,não é isso. A experiência que ele tem com a droga é somente através do odor da droga. A cocaína fica embalada num saco plástico. O cão tem cem vezes mais poder olfativo que o humano. Ele vai sentir só odor sem aspirar. O mesmo é com maconha — explica.
A exemplo dos policiais,oito horas. E,para cada dia trabalhado,há três de folga. Ao completar oito anos,é a hora da aposentadoria. Geralmente,o cão é adotado por seu adestrador ou condutor. Caso isso não seja possível,outras pessoas também podem se candidatar. Para isso,basta entrar em contato com a unidade. Antes da adoção ser concretizada,os candidatos a tutores passam por uma pesquisa social para a PM concluir ou não se terão capacidade de tratar bem os novos parceiros.
Todos os anos,os cães do BAC concorrem em uma espécie de campeonato de apreensões. Atualmente,dois machos e uma fêmea,disputam focinho a focinho os três primeiros lugares no ranking de 2024,nas categorias batizadas como ouro,prata e bronze.
Hulk,de 3 anos,está na ponta. Ela já farejou e encontrou,este ano,1.524 quilos de drogas,além de seis armas. Também foi o campeão do ano passado.
Electra aparece na segunda posição. Ele localizou 1.434 quilos de drogas e duas armas. Sherlock está em terceiro,com 500 quilos e quatro armas no currículo. Mas nem tudo é festinha na vida de um cão policial. Eles também estão sujeitos a baixas em combate,mas a última aconteceu há mais de dez anos.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro