Após caso ser revelado,policiais da Delegacia Especial de Crimes Contra o Consumidor interditaram o Laboratório PCS Saleme — Foto: Rafael Campos/Divulgação/Governo do Estado
GERADO EM: 23/10/2024 - 04:30
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O Ministério Público e a Polícia Civil encerraram o primeiro inquérito do caso dos transplantes com órgãos infectados por HIV. Foram indiciados e denunciados os sócios do PCS Lab Saleme,Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira e Walter Vieira,e os funcionários Jacqueline Iris Bacellar de Assis,Adriana Vargas dos Anjos,Ivanilson Fernandes Santos e Cleber de Oliveira Santos. Também foram pedidas as prisões preventivas dos seis acusados,que,à exceção de Matheus Bandoli,estão presos temporariamente.
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Eles podem responder por associação criminosa,lesão corporal e falsidade ideológica. Ao todo seis pacientes foram transplantados com órgãos infectados com HIV após exames de dois doadores feitos pelo laboratório resultar um falso negativo. O Tribunal de Justiça agora vai decidir se torna o grupo réu e se aceita os pedidos de prisão preventiva.
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira,sócio do PCS Labs Saleme Walter Vieira,sócio do PCS Labs Saleme Ivanilson Fernandes dos Santos,técnico de laboratórioCléber de Oliveira Santos,técnico de laboratório Adriana Vargas dos Anjos,coordenadora técnica do PCS Labs Saleme Jacqueline Iris Bacellar de Assis,técnica do laboratório
Segundo o Ministério Público,o erro que levou seis pacientes a serem transplantados com HIV no Rio foi causado por uma tentativa do laboratório de economizar. Na denúncia,a promotora afirma que todos de forma consciente sabiam que o controle de qualidade dos exames passou de diária para semanal.
" Todos agindo com plena consciência da forma irregular como os testes eram realizados,cientes e da alta probabilidade de um paciente ser contaminado em razão de uma laudo com resultado falso,e todos indiferentes em relação ao efetivo contágio,concorreram para a contaminação dos pacientes transplantados com vírus HIV e,via de consequência,lhes causando enfermidade incurável",diz trecho da denúncia.
A defesa dos sócios do laboratório diz considerar arbitrário o pedido de prisão de Matheus Vieira e que a análise preliminar do Hemorio,que apontou resultado negativo para HIV nas 286 amostras de sangue de doadores de órgãos que foram retestadas,“comprova que os dois laudos errados foram episódios pontuais,porém graves,causados por falha humana”. O GLOBO não conseguiu contato com os outros citados.
Matheus Bandoli Vieira
Segundo a denúncia,o sócio do laboratório foi um dos responsáveis em ordenar a mudança no protocolo de controle de qualidade,que acabou gerando os resultados de falso negativo. Ele também era o responsável pela área de Tecnologia do laboratório controlando o sistema e "manipulava os resultados com possibilidade de adulteração dos resultados dos exames emitidos".
De acordo com a denúncia,Matheus também assinou o contrato entre o laboratório e a Fundação Saúde,apesar de saber que a empresa não tinha a capacidade técnica como a falta de licenciamento sanitário para funcionar.
Walter Vieira
O médico é um dos sócios da empresa,assina o contrato com a Fundação Saúde etambém teria mandado os funcionários mudarem o controle de qualidade visando reduzir os gastos e aumentar o lucro. Walter é ginecologista e foi o responsável,segundo o Ministério Público por conferir,assinar e liberar o laudo com resultado falso de janeiro.
Ivanilson Fernandes dos Santos
O Ministério Público afirma que o técnico acumulava funções trabalhando no laboratório e também sendo servidor público estadual. Seria dele a responsabilidade pelas análises clínicas que resultaram nos laudos errados.
Cleber de Oliveira Santos
Segundo a promotoria,Cleber entregava o grupo criminoso e,até janeiro,era o coordenador do laboratório onde os testes da Central de Transplantes eram feitos. Também teria sido o responsável pelas análises clínicas que resultaram nos laudos falsos.
Adriana Vargas dos Anjos
Adriana Vargas teria substituído Cleber na função de coordenadora a partir de fevereiro de 2024. Ela ainda ordenou aos funcionários que os protocolos de controle de qualidade dos exames fossem modificados.
Jacqueline Iris Bacellar de Assis
Funcionária da empresa,ela era supervisora administrativa do laboratório. Segundo o MP,ela conferiu,liberou e assinou o laudo do segundo doador infectado com HIV mas que estava errado. Ela também teria falsificado um diploma de Biomedicina que foi apresentado à empresa — o que a credenciaria para analisar os resultados dos exames.
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