O ex-presidente Jair Bolsonaro abraça seu aliado Alexandre Ramagem,ex-diretor da Abin: PF investiga uso indevido de estrutura do governo — Foto: Pablo Porciuncula/AFP/16-03-2024
GERADO EM: 16/07/2024 - 00:00
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Em uma gravação de mais de uma hora de uma reunião entre o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL),o então presidente Jair Bolsonaro discutiu as investigações sobre a suposta prática de rachadinha por parte do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),sugeriu procurar o chefe da Receita Federal e disse que deveria trocar o coronel que o informava pelo serviço secreto russo.
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O então presidente também revelou,na conversa,um suposto pedido de Wilson Witzel,que era governador do Rio de Janeiro,para "encerrar" as investigações e manifestou a sua "desconfiança" sobre "alguém estar gravando alguma coisa".
Veja abaixo quais são os cinco principais pontos presentes no material,que foi divulgado após decisão do ministro Alexandre de Moraes,do Supremo Tribunal Federal (STF). O áudio estava sob sigilo e faz parte da investigação da Polícia Federal a respeito da existência de uma "Abin paralela".
Em um dos momentos da conversa,o ex-presidente Jair Bolsonaro sugere falar com o então secretário da Receita,José Tostes,e o então chefe do Serpro (estatal de processamento de dados do governo). A conversa cita Canuto,que provavelmente é Gustavo Canuto,ex-ministro de Bolsonaro e que foi transferido para a Dataprev,também estatal de processamento de dados. O ex-presidente Bolsonaro vem negando qualquer irregularidade. "É o caso de conversar com o chefe da Receita" afirmou Bolsonaro. No decorrer do diálogo,Bolsonaro questiona as advogadas: "A quem interessa pra gente resolver esse assunto?" Juliana Bierrenbach diz acreditar que o melhor caminho é o Serpro. Bolsonaro responde: "Eu falo com o Canuto".
A reunião contida no áudio foi realizada em agosto de 2020 e gira em torno das investigações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro em um caso que ficou conhecido como "rachadinhas". As investigações envolvendo um suposto esquema de rachadinha no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj),quando o hoje senador era deputado estadual. Em 2020,o Ministério Público do Rio denunciou à Justiça o senador,o ex-assessor dele Fabrício Queiroz e mais 15 investigados pelos crimes de organização criminosa,peculato,lavagem de dinheiro e apropriação indébita – mas a denúncia foi arquivada em 2022 pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
No áudio de uma reunião realizada no Palácio do Planalto em agosto de 2020,o então presidente Jair Bolsonaro (PL) diz ao à época chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),Augusto Heleno,que "quem passa as informações" para ele é um coronel do Exército e que deveria ter "trocado pelo serviço secreto russo". "Quem passa as informações pra mim é um coronel do Exército. Devia ter trocado pelo serviço secreto russo",diz o então presidente. O diálogo foi travado com Heleno antes do que parece ser a entrada das advogadas na sala em que foram recebidas e onde ocorreu a reunião.
No áudio,Bolsonaro afirma que o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel prometeu "resolver" a investigação sobre "rachadinha" do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em troca de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-governador nega. "O ano passado,no meio do ano,encontrei com o Witzel (...) Ele falou: 'eu resolvo o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo'",disse Bolsonaro durante a conversa realizada em agosto de 2020 na qual estavam presentes também o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),Augusto Heleno. Uma das advogadas de Flávio Bolsonaro,Juliana Bierrenbach,perguntou quem havia dito isso,ao que o ex-presidente respondeu: "O Witzel,né".
Bolsonaro fala sobre a desconfiança de estar "sendo gravado" durante a reunião no Palácio do Planalto. O então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),também comentou a preocupação com um eventual "vazamento". "E deixar bem claro,a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém" disse Bolsonaro durante a reunião,segundo transcrição da PF. "Tentar alertar ele que,ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar (inaudível)",diz Heleno. No final do encontro,Alexandre Ramagem pergunta sobre onde estariam os celulares das advogadas: "Onde estão seus celulares? [inaudível] o celular de vocês". diz ele,conforme o áudio da PF.
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