"Para termos uma ideia do impacto financeiro deste Passe Nacional,20 euros é menos que o bilhete de 2.ª classe num comboio Intercidades de Lisboa a Coimbra (21,3 euros em 2.ª classe; 26,85 euros em 1.ª classe)",apontou a CT da CP -- Comboios de Portugal,em comunicado enviado à imprensa.
Além do "desastre financeiro que tais decisões acarretarão",os representantes dos trabalhadores consideraram também que a medida anunciada pelo primeiro-ministro,Luís Montenegro,na semana passada,vai levar a um aumento de procura e "provar,sem sombra de dúvida,que a CP não tem capacidade de resposta e a infraestrutura está em colapso".
A CT realçou que,atualmente,a CP não consegue contratar os trabalhadores necessários para assegurar o cumprimento do contrato de serviço público com o Estado e "espera meses por autorizações da tutela essenciais para garantir o serviço".
Adicionalmente,a CT considerou que o novo passe ferroviário constitui "mais uma grosseira violação" do contrato de serviço público,que prevê que a transportadora seja compensada financeiramente como contrapartida pelas devidas obrigações e que o Estado possa alterar os parâmetros de serviço público definidos,na condição de notificar previamente a empresa,para que tenha tempo de fazer um estudo de viabilidade operacional e de impacto na compensação devida,estudo esse que,diz,tem de passar pela Autoridade de Mobilidade e Transportes (AMT).
"Pelo que apurámos,tal não foi feito,nem por este Governo com o Passe Nacional anunciado,nem pelo anterior com o Passe Regional",referiu a CT.
Os representantes dos trabalhadores defenderam que uma forma de promover o transporte ferroviário seria declarar o interesse público no concurso de 800 milhões de euros para a compra dos 117 comboios urbanos e regionais,que está há quase 10 meses parada nos tribunais.
"Estes comboios são imprescindíveis para melhorar a oferta do serviço urbano,incluindo na Linha de Cascais onde as obras de reconversão avançam,correndo o risco de quando estarem terminadas não haver comboios para lá circularem",sublinhou a CT.
O primeiro-ministro,anunciou na semana passada,na Festa do Pontal,em Quarteira,distrito de Faro,que marca a 'rentrée' política do PSD,um passe ferroviário de 20 euros mensais que dará acesso a todos os comboios urbanos,regionais,inter-regionais e intercidades.
O passe está incluído num "plano de mobilidade" que será aprovado,com o objetivo de facilitar a utilização de meios de transporte sustentáveis,que não causem problemas ambientais,disse o primeiro-ministro.
O Governo ainda não avançou mais detalhes,como,por exemplo,se vai compensar a CP pela perda de receita com esta medida,quando entra em vigor e como vai ser feita a gestão dos bilhetes.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro