José Luis Escrivá,funcionário do Banco de Espanha,vai suceder a Pablo Hernández de Cos,cujo mandato terminou há três meses e tem desempenhado o cargo de forma interina.
Cabe ao chefe do Governo indicar o governador do Banco de Espanha,sendo porém habitual uma negociação com o principal partido da oposição,que tradicionalmente aceita o nome para a liderança e escolhe,por sua vez,o vice-governador.
Desta vez,porém,o Partido Popular (PP,direita,na oposição) recusou alinhar neste acordo não escrito,por discordar da nomeação de um ministro em funções,considerando que está em causa a independência do banco central do país.
"Não se pode ser ministro de manhã e governador à tarde",disse o líder do PP,ALberto Núñez Feijóo,na terça-feira,para justificar a decisão de não dar aval ao nome de José Luis Escrivá e de não indicar um nome para vice-governador.
Feijóo acusou Sánchez de querer "controlar e invadir" o Banco de Espanha com uma escolha que não dá "garantias de independência".
José Luis Escrivá é o primeiro ministro em funções que passa diretamente a governador do Banco de Espanha desde que há democracia no país,embora o mesmo já tenha acontecido com um secretário de Estado,Miguel Ángel Fernández Ordóñez,quando integrava um governo liderado pelo socialista José Luis Zapatero.
Atualmente ministro da Transformação Digital e Função Pública,José Luis Escrivá foi ministro da Segurança Social na legislatura anterior,sempre com Pedro Sánchez como líder do Governo.
No período em que foi ministro,protagonizou alguns confrontos com o governador do Banco de Espanha,por causa de estudos sobre a sustentabilidade do sistema de pensões no país e a necessidade de reformas.
José Luis Escrivá é licenciado em Ciências Económicas e,antes de ser ministro,foi chefe da Divisão de Política Monetária do Banco Central Europeu (1999-2004) e assessor do Instituto Monetário Europeu (1993-1999).
No Banco de Espanha,foi subdiretor do Departamento de Estudos Monetários e Financeiros e chefe da Unidade de Investigação Monetária.
Já foi também presidente da Rede de Instituições Fiscais Independentes da União Europeia (2015-2019) e da Autoridade Independente de Responsabilidade Fiscal (um supervisor espanhol),assim como economista-chefe e diretor do Serviço de Estudos do banco BBVA (2004-2010).
O Governo espanhol,através do ministro da Economia,Carlos Cuerpo,justificou hoje a escolha de José Luis Escrivá realçando a sua capacidade e qualificação técnica,experiência e conhecimento das instituições europeias e do próprio Banco de Espanha.
O ministro insistiu por diversas vezes que o Governo tem "confiança na idoneidade" de José Luis Escrivá como governador do Banco de Espanha.
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