The Weeknd: show inédito no modelo arrasa-quarteirão no Morumbis — Foto: Reprodução
GERADO EM: 08/09/2024 - 06:00
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Há coisas que apenas o artista mais popular do mundo,segundo o Guiness Book of World Records,pode fazer. Uma delas é anunciar (e esgotar) um show de estádio no modelo "one night only" (apenas uma noite) e inédito,sem revelar nenhum detalhe do que os fãs poderiam esperar da apresentação. Foi assim que Abel Tesfaye,o The Weeknd,voltou à cidade de São Paulo para uma apresentação única,no estádio do Morumbis,apenas onze meses depois de sua última passagem pelo país.
O tal ineditismo do show (agora sabemos) se referia à apresentação de novas faixas que farão parte do álbum "Hurry Up Tomorrow",que completará a trilogia ao lado dos outros trabalhos "After Hours” (2020) e “Dawn FM” (2022). Para mostrar as canções ao público,Abel muniu-se de uma estrutura apoteótica. Ao centro do palco,a cenografia que lembrava uma igreja abandonada deu o tom de megaprodução ao show,que durou cerca de 100 minutos. Enquanto isso,telões agigantados (parecidos com aqueles que acompanharam a celebrada turnê dos Titãs no Brasil) reproduziam imagens idílicas,portais e até um sem fim de corpos humanos engalfinhados.
Tudo no show tinha ares de ritual religioso,até mesmo uma passarela em forma de cruz estava disponível para que o artista pudesse flanar na extensão da pista (que ficou livre,sem divisão de espaço "premium",uma boa pedida para um palco tão extenso). Ainda no departamento imagético,o houve generosos momentos de pirotecnia,fogos de artifício e uma direção de luz afiadíssima: o que fazia o lugar parecer,em certos momentos,uma boate e,em outros,um templo para orações.
O show,inédito para todo o mundo,ainda segue disponível para os fãs no YouTube.
The Weeknd: estrutura apoteótica para apresentar novas músicas — Foto: Reprodução
Trajado de um manto preto com bordados dourados,The Weeknd soltou a voz com generosidade em faixas inéditas como "The Crowd" e "Wake me Up",cuja sonoridade traz seu irresistível pop oitentista e mais um aroma do novo R&B que varreu o mundo na última década. Do total das 29 canções apresentadas no show,pelo menos uma dezena nunca foi ouvida. Uma delas,que teve apenas parte revelada contou com a presença da cantora Anitta,que não cantou,mas dançou sobre a igreja/castelo ao centro do palco. A música cantada em português é,basicamente,um funk do tipo proibidão.
O Brasil,inclusive,não foi um mero detalhe no show. Por diversas vezes o artista declarou-se à cidade de São Paulo,dizendo que amava,e incluindo o nome da metrópole em meio às suas canções. O merchandising oficial da apresentação,por sua vez,era amplamente composto por camisetas verde e amarelas escritas "São Paulo". Não havia nada com o nome do artista ou das turnês passadas: o design das peças celebrava,somente,o endereço do show.
A louvação ao Brasil se deu,ao longo da apresentação de abertura. Antes da chegada do canadense,o público aqueceu ao som de Dj Guuga — que não foi lá nenhuma escolha aleatória. Em 2021,o brasileiro remixou trechos da voz de The Weeknd na canção “Earned it” (parte da trilha sonora da cinesérie Cinquenta Tons de Cinza) na faixa,em português,“Cabaré”. O refrão da canção diz: “Quer esquecer sua ex-mulher? Vem pro Cabaré!”
Guuga não economizou na carteirada e falou múltiplas vezes:
— Quem me convidou foi o Abel,quem me convidou foi o 'The Week'— orgulhava-se para a multidão que reagia energizada.
De volta ao Weeknd,ao longo de seu show,o artista ainda levou ao palco o trapper Playboi Carti,para duas faixas. Uma versão de "FE!N",da qual originalmente Carti divide os vocais com Travis Scott (que fará apresentações no Allianz Parque e no Rock in Rio também neste mês) e na inédita "Timeless".
Mesmo diante de tanta inventividade,Abel não deixou de apresentar grandes hits ao público. Lá estavam,portanto,"Heartless","Take My Breath" e as arrasa quarteirão "Save Your Tears" e "Blinding Lights". As duas últimas,figuraram como pontos altos da apresentação e marcaram o momento em que a potência da cantoria da multidão rivalizou com o cantor no volume dos vocais. Entusiasmado,o artista dançou,agradeceu e declarou seu amor. Mais enxuto,o setlist deixou as novas canções em destaque (e escanteou músicas absolutamente famosas do artista,como "Starboy","False Alarm" e "The Hills",todas de um momento mais inicial da carreira do canadense 13 vezes indicado ao Grammy).
A inédita "In Heaven",casou muito bem com "Blinding Lights",as duas faixas escolhidas para encerrar a apresentação. Foi nessa hora que,sem muita explicação,o artista foi se encaminhando para o telão onde havia a imagem de um grande portal iluminado e.... desapareceu (não sem antes dizer "Thank You,São Paulo. I love you"). O problema é que ninguém entendeu que o show acabava ali e todos esperavam mais um número apoteótico a seguir.
Coube a um interessante balé de drones que escreveu o nome do novo álbum no céu do estádio dar o adeus. A surpresa do público foi tamanha que,assim que as luzes do estádio se acenderam,ouviu-se um sonoro "aaaaah". Não dá pra dizer que não ficou um gostinho de quero mais.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro