Campus de Escola Americana do Rio de Janeiro,na Gávea — Foto: Reprodução / Site da escola
GERADO EM: 12/09/2024 - 04:30
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A Escola Americana do Rio de Janeiro foi condenada em um caso de cyberbullying sofrido por um aluno em 2020,como divulgou a coluna do Ancelmo Gois. À época,o menino foi vítima de perseguição por um colega de turma,que criou um perfil falso se passando por ele,e o usava para constranger e ameaçar os demais estudantes. A situação chegou à polícia naquele mesmo ano. E,apesar da conclusão de que o menino não estava por trás das ofensas,a escola,o diretor e uma professora se colocaram contrários ao garoto e aos seus pais. Agora,um acórdão de desembargadores decidiu pela indenização de R$ 60 mil à família.
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Como narra a sentença,o crime aconteceu em setembro de 2020,quando o nome da vítima,de 11 anos,foi usado indevidamente em um perfil falso nas redes sociais. Ameaças,xingamentos e provocações foram feitos a diversos alunos da turma,sempre relacionados à autoria do menino,que começou a ser excluído socialmente. Os pais dele reportaram a situação à escola,que,segundo a família,teria sido omissa.
Por esse motivo,os responsáveis pelo menino decidiram procurar a Delegacia de Crimes Cibernéticos,que identificou a identidade do computador por onde o perfil era acessado,e,ainda,apontou que esse havia sido criado com o domínio da escola: "@earj.com.br". A identificação do equipamento permitiu a descoberta de um endereço,levando os agentes a encontrar quem estava por trás do cyberbullying. O ator é colega de turma da vítima,filho de uma professora da escola.
Apesar da conclusão da polícia,a escola não se posicionou em relação à conduta do aluno e da professora,como aponta a sentença. Nenhuma medida pedagógica foi aplicada a eles,tanto o aluno vítima,quanto os pais,passaram a ser desmoralizados institucionalmente.
Segundo o advogado José Carlos de Souza,do escritório Schmidt Lourenço Kingston Advogados,que representa a vítima,o diretor da escola chegou a enviar um e-mail institucional afirmando que os pais estavam tendo uma "conduta revanchista",e que não iria aceitar uma "tentativa de linchamento".
— Os pais da vítima foram discretos desde o início. Eles,em nenhum momento,deram o nome do aluno por trás do perfil fake,nem o relacionaram a professora. No entanto,a escola agiu com total descaso,amenizando a situação e se colocando contra a vítima — disse.
Na sentença,há a citação de parte da defesa da escola,que afirma que "tudo não passou de uma brincadeira".
"Acrescentam que,logo após ter sido comunicada sobre a criação do perfil falso,a escola providenciou sua retirada da internet e encaminhou comunicado aos pais dos alunos da turma,ressaltando que tudo não passou de uma brincadeira de adolescentes visando atrair a atenção das meninas da classe".
Além disso,no período de rematrícula escolar,em 2021,a vítima e a irmã foram impedidas de se matricularem na escola. José Carlos explicou que a informação foi enviada aos pais dos alunos por meio de carta assinada pelo diretor.
— Há um processo específico sobre a recusa da matrícula dos alunos. Desde o início,a escola foi omissa,mas o final foi insustentável. Ela tratou a vítima e os pais como algozes,punindo eles pelo ocorrido. A gente não espera um comportamento assim de nenhuma unidade de ensino,muito menos de uma que se propõe a um alto nível escolar.
Na sentença,há também referência à professora,mãe do estudante que criou o perfil. Segundo testemunhas ouvidas em audiências,ela teria passado a evitar e constranger a vítima. Em um depoimento,um colega de turma afirma:
"Que a professora ingressou em sala de aula,indo,de mesa em mesa,cumprimentar os alunos,"pulando" a mesa em que estava a vítima".
Outra declaração expõe:
"A vítima,por não ter cumprimentado a professora,foi obrigado a dar voltas na quadra".
Procurada,a Escola Americana do Rio de Janeiro afirmou que não irá se manifestar a respeito das acusações e da condenação.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro