Os dados são do relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) 'Relatório Mundial de Proteção Social 2024-26: A Proteção Social Universal para a Ação Climática e uma Transição Justa'.
O relatório indica que a população africana coberta por,pelo menos,uma prestação de proteção social,melhorou de 15,2% para 19,1% entre 2015 e 2023,mas fica ainda assim muito abaixo da média mundial,que no ano passado estava nos 52,4%,e longe dos 85,2% registados na Europa e Ásia Central.
"A nível mundial,a despesa pública com pensões e outras prestações para as pessoas idosas não relacionadas com a saúde é,em média,de 7,6% do PIB",lê-se no relatório,que aponta,contudo,"variações regionais substanciais,com níveis de despesa que vão de 10,5% do PIB na Europa e Ásia Central a 1,7% em África".
A cobertura efetiva da proteção social por grupo populacional torna-se ainda mais discrepante olhando para os desempregados - em África,apenas 3,8% das pessoas sem emprego beneficiam de uma proteção social,contra a média mundial de 16,7% e de 49,1% na Europa.
A nível mundial,o relatório revela que mais de metade da população mundial beneficia,pela primeira vez,de alguma forma de proteção social,mas os progressos são demasiado lentos,afirmou a OIT.
Num novo relatório,a OIT apela em especial aos países mais vulneráveis à crise climática para que invistam mais na proteção social,uma vez que esta não é uma forma de evitar as alterações climáticas,mas sim de atenuar o seu impacto na população,nomeadamente através da prevenção da pobreza.
A África subsaariana é apontada como uma das regiões mais vulneráveis,num continente que acolhe a maior parte dos países de língua oficial portuguesa.
"Embora se trate de um avanço significativo,a realidade é que 3.800 milhões de pessoas ainda não beneficiam de qualquer forma de proteção social",lamenta a OIT,que aponta também para o facto de a maioria das crianças (76,1%) ainda não beneficiar de uma proteção social eficaz.
Se o progresso continuasse ao ritmo atual a nível mundial,seriam necessários mais 49 anos -- até 2073 -- para que todas as pessoas estivessem cobertas por pelo menos uma prestação de proteção social.
Esta agência especializada das Nações Unidas está particularmente preocupada com os países mais vulneráveis à crise climática,que "representa a mais grave ameaça à justiça social atualmente",segundo o diretor-geral da OIT,Gilbert Houngbo.
"Muitos dos países que sofrem as consequências mais brutais desta crise estão particularmente mal equipados para lidar com o seu impacto no ambiente e nos meios de subsistência",afirmou Gilbert Houngbo em comunicado.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro