Israelenses caminham diante de cartaz celebrando a eleição de Donald Trump em Jerusalém — Foto: AHMAD GHARABLI / AFP
GERADO EM: 13/11/2024 - 21:24
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Todos os presidentes dos EUA são pró-Israel desde a independência israelense em 1948. Republicanos ou democratas sempre tratam o Estado judeu como aliado. Apenas há diferenças em estratégias políticas para a relação dependendo do contexto geopolítico do momento e de quem estiver no poder em Washington e em Jerusalém. Mas jamais um governo americano abandonou Israel.
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Ao mesmo tempo,presidentes americanos não são necessariamente pró-Palestina. Nenhum deles foi enquanto esteve no poder. Jimmy Carter só assumiu uma postura simpática aos palestinos anos depois de deixar o poder. Bill Clinton mediou negociações de paz porque essa era uma demanda de Yitzhak Rabin,Shimon Peres e Ehud Barak quando governavam Israel.
Ainda assim,não foi além da retórica para coibir a expansão dos assentamentos,que são ilegais pela legislação internacional,na Cisjordânia. Barack Obama tampouco agiu com firmeza para que um Estado palestino fosse criado,sempre esbarrando na resistência de Benjamin Netanyahu. Trump e Joe Biden foram além ao se posicionarem como anti-Palestina.
Há alguma chance de Trump ser diferente de seus antecessores e de sua primeira versão e confrontar o atual governo de Israel,contrário à criação de uma Palestina independente? Difícil prever,mas dá para,no caso do republicano,observar seu comportamento no passado e as circunstâncias atuais para tentar responder.
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Trump,quando presidente,priorizou Israel em três sentidos. Primeiro,ao reconhecer a anexação ilegal das Colinas do Golã,um território sírio,e ao transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém,capital de Israel,mas com o lado oriental,de maioria árabe,reivindicado pelos palestinos como parte de um futuro estado. Em segundo lugar,o republicano negociou acordos de estabelecimento de relações diplomáticas de Israel com países árabes (Emirados,Bahrein e Sudão) que não eram inimigos dos israelenses. Por último,apresentou um “plano de paz” para Israel e Palestina que na prática seria a rendição dos palestinos.
As circunstâncias atuais,no entanto,são bem distintas das do primeiro mandato de Trump. No ano passado,Israel foi alvo de um atentado terrorista que deixou mais de 1.200 mortos,além de outros 240 cidadãos capturados pelo Hamas. A resposta israelense levou a uma guerra que destruiu a quase totalidade de Gaza,com mais de 42 mil palestinos mortos,incluindo milhares de crianças (e mais de 100 reféns seguem nas mãos do Hamas).
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Trump sempre disse que seu objetivo final seria um acordo entre Israel e Arábia Saudita,que já mantêm relações não oficiais. Houve,porém,duas mudanças cruciais. O ditador saudita,Mohammad bin Salman,acusou Israel nesta semana de genocídio em Gaza,assim como já fizeram outros países. Além disso,as relações entre Riad e o Irã melhoraram muito desde que o republicano deixou o poder,e a Arábia Saudita agora exige a criação de um Estado palestino para estabelecer relações com Israel.
A dúvida é se Trump levará em consideração a pressão saudita. Outros fatores também devem pesar,como o futuro da coalizão de Netanyahu. Algumas coisas são certas — o republicano tentará negociar o fim da guerra em Gaza (e no Líbano) e vai querer avançar os Acordos de Abraão. Mais importante,até por suas nomeações atuais,seguirá super pró-Israel. Anti-Palestina? Vamos ver. Mas,para os palestinos,será difícil o republicano superar Biden como o pior presidente americano da História para a Palestina.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro