O Encontro das Mulheres nas Rodas de Samba se apresenta neste sábado no Renascença — Foto: Divulgação
GERADO EM: 29/11/2024 - 18:08
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No dia 2 de dezembro,celebra-se o Dia do Samba,uma data dedicada a homenagear o gênero musical genuinamente brasileiro e sua influência global. Para marcar a ocasião,o Renascença Clube,no Andaraí,organizou uma programação especial que exalta a essência do samba. O espaço,em reforma desde agosto,acaba de concluir a revitalização da quadra e está ampliando o Centro de Memória Sebastiana Arruda,conhecido como o “museu dentro do samba”,dedicado a preservar a história do clube e do samba carioca.
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Apesar das intervenções,o clube mantém sua agenda funcionando a todo vapor. A primeira etapa da reforma trouxe melhorias nos banheiros e o nivelamento do piso,tornando os ambientes mais acessíveis e confortáveis. Na próxima fase,além da expansão do Centro de Memória,estão previstas melhorias na entrada do clube,com a construção de um novo prédio de um andar para abrigar a secretaria.
Alexandre Xavier,presidente do Renascença,destaca que a reforma foi cuidadosamente planejada para valorizar o legado do espaço e oferecer mais conforto aos frequentadores:
— Alunos da Escola de Belas Artes da UFRJ desenvolveram o design arquitetônico em parceria com a equipe da Empresa Municipal de Urbanização (Rio-Urbe). Esse projeto,elaborado como trabalho de conclusão de semestre,incluiu uma pesquisa aprofundada sobre o Renascença,sua história e sua relevância para a sociedade. O resultado foi uma arquitetura que respeita e exalta esse legado. Essa reforma é fundamental não apenas para o mundo do samba,mas também para os frequentadores do Rena,que terão um ambiente mais acessível e acolhedor para trazer suas famílias. Para o samba,é crucial preservar casas tradicionais como o Renascença,que oferecem ao público a oportunidade de apreciar boa música e arte enquanto promovem ações de assistencialismo social — explica Xavier.
A quadra do clube acaba de passar por revitalização e será palco do Encontro das Mulheres nas Rodas de Samba — Foto: Beatriz Orle
Neste sábado (30),a partir das 15h,o Renascença recebe o Encontro das Mulheres nas Rodas de Samba,evento que chega à sua sétima edição com a missão de promover o protagonismo feminino no samba. Idealizada pela cantora Dorina,a celebração vai reunir cerca de cem mulheres,entre cantoras,compositoras e instrumentistas,que prometem mais de seis horas de batucada.
O evento homenageará dois grandes nomes da música brasileira,Áurea Martins e Clementina de Jesus,morta em 1987,e contará com apresentações de artistas como Dayse do Banjo,Rapha Morret,Vera de Jesus (neta de Clementina),Ana Costa,Nina Rosa e Lazir Sinval,além de grupos como Herdeiras do Samba e Mulheres da Pequena África. Sob a direção musical de Ana Paula Cruz e Roberta Nistra,o encontro também contará com intérpretes de libras,com o objetivo de garantir a acessibilidade e a inclusão de todos.
Com entrada popular a R$ 1,o evento visa não só a celebrar as mulheres no samba,mas também a oferecer workshops de capacitação para aquelas que desejam aprender mais sobre o ritmo,como a oficina de partido-alto com Gabrielzinho do Irajá,que é gratuita.
O Renascença segue com uma programação animada neste domingo (1º),a partir das 14h,com o encontro de Quintal da Magia e Sombrinha. O evento promete trazer uma mistura de samba de raiz com a black music e clássicos do samba. A entrada será gratuita até as 18h; após esse horário,os ingressos terão o valor de R$ 20.
“Salve todas as mulheres do samba”,diz Áurea Martins — Foto: Divulgação
No próprio Dia do Samba,na segunda-feira (2),o Renascença Clube recebe o tradicional Samba do Trabalhador,realizado todas as segundas. Sob a direção do mestre Moacyr Luz,a roda promete reunir músicos de diferentes gerações para celebrar o gênero. O ingresso custa R$ 40.
Este ano,o Encontro das Mulheres nas Rodas de Samba vai ocorrer em 30 cidades,com destaque para o Rio. Uma das homenageadas do evento,Áurea Martins externa sua emoção pelo reconhecimento e ressalta a importância do samba como um legado de resistência na cultura afro-brasileira.
— Não somos só eu e Clementina as homenageadas,mas todas as mulheres que lutaram pelo seu espaço no samba. Este evento é histórico. É uma bênção ver mulheres tocando ao lado dos homens com puro talento feminino. Salve todas as mulheres do samba e a Dorina Barros,idealizadora do projeto — afirma a cantora.
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Os workshops gratuitos são uma das iniciativas do evento,para fomentar o protagonismo feminino. Dorina Barros reforça o impacto cultural do movimento:
— A roda de samba vai além da música; é um espaço de acolhimento e resistência. Muitas tradições culturais vêm do matriarcal,e o samba ajuda a resgatá-las e valorizá-las.
Vera de Jesus,neta de Clementina de Jesus,também reconhece o papel fundamental das mulheres no samba:
— Tia Ciata,Clementina,Tia Ivone Lara,Jovelina,Beth Carvalho e tantas outras abriram os caminhos que seguimos com orgulho. Este evento,em sete anos,criou uma grande família,fortalecendo a essência feminina no samba.
Mari Araújo,do Grupo Sodamas,compartilha os desafios de atuar em um ambiente masculino e a luta contra a desigualdade de cachês:
— Bandas femininas ainda recebem menos,apesar do mesmo trabalho. Precisamos de mais rodas e escolas musicais voltadas para mulheres para garantir representatividade e justiça.
Já Dayse do Banjo,pioneira ao tocar cavaquinho na Mangueira em 1989,celebra os avanços,mas reconhece os desafios ainda existentes.
— Hoje,as mulheres estão ocupando seu espaço,mas o caminho ainda é lento. O projeto Mulheres nas Rodas de Samba é maravilhoso e mostra que podemos tudo. Seguimos lutando por mais reconhecimento e igualdade — frisa.
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro