Rua alagada em Petrópolis,na Região Serrana do Rio — Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo/05/04/2025
Desacostumados a uma rotina de prevenção,moradores do Sudeste podem pensar que houve exagero nos alertas sobre tempestades severas emitidos na semana passada por diferentes instituições meteorológicas e de Defesa Civil. Eles previam volumes excepcionais de chuva,especialmente no Litoral Norte de São Paulo e nas regiões Serrana e Metropolitana do Rio. É verdade que,em muitos lugares,não houve o dilúvio esperado,embora noutros o aguaceiro em apenas 24 horas tenha superado a média para todo o mês de abril. Mas as medidas tomadas por estados e prefeituras não foram em vão. É assim que deve ser num cenário de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos.
Diferentemente do que geralmente acontece,desta vez autoridades resolveram se preparar. Em São Paulo e no Rio,foram montados gabinetes de crise para monitorar as áreas mais atingidas e reduzir o tempo de resposta à população. Moradores receberam alertas em seus celulares informando sobre as condições. Prefeituras suspenderam aulas ou chegaram a decretar ponto facultativo. A recomendação era que cidadãos permanecessem em casa. Melhor prevenir do que repetir a ladainha de que foram pegas “de surpresa” ou de que os volumes de chuva foram excepcionais.
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O governo federal reconheceu situação de emergência nas cidades fluminenses de Petrópolis e Angra dos Reis. Trechos de estradas importantes foram interditados. Nesta segunda-feira,Angra,Teresópolis,Petrópolis e Duque de Caxias,no estado do Rio,ainda enfrentavam risco alto de deslizamentos,segundo a Defesa Civil e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Em São Paulo,São Sebastião chegou a entrar em estado de atenção. Um trecho da rodovia Tamoios precisou ser interditado na altura de Ubatuba.
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Os danos materiais costumam ser inexoráveis diante de tempestades arrasadoras. No entanto,com preparação,é possível reduzir a perda de vidas. Avisos da Defesa Civil são uma ferramenta importante. Deslocamentos sem urgência podem ser cancelados ou adiados,reduzindo a circulação e evitando que cidadãos fiquem ilhados em vias facilmente inundáveis. Sistemas de alerta,como as sirenes que disparam quando os volumes de chuva aumentam,contribuem para que moradores de áreas de risco procurem abrigo.
Tais iniciativas não desobrigam os governos de tomar medidas de médio e longo prazo,como obras de contenção de encostas ou limpeza de rios. Nem de realocar os moradores que ocupam áreas de alto risco em encostas e margens de rios. Tragédias,porém,não esperam a burocracia. Por isso é essencial que autoridades se planejem para o pior,mapeando as áreas críticas,instalando forças-tarefa,reservando abrigos,acionando seus sistemas de Defesa Civil e estabelecendo planos de resgate. Nada disso impedirá estragos ou consolará os desalojados,mas a estratégia se mostra bem-sucedida para poupar vidas.
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