"A falta de matéria-prima é um grande desafio que temos. Não é só da nossa fileira,mas temos falta de matéria-prima e cada vez essa falta se vem mais notando",afirmou o responsável durante uma audiência na Comissão de Agricultura e Pescas,no parlamento.
Devido à falta de matéria-prima nacional,João Lé apontou um crescente "agravamento da dependência de madeira extra-ibérica,sobretudo da América Latina",agravamento esse que "vem sendo acompanhado de um aumento de preço da matéria-prima" em Portugal.
"Desde 2016 até 2022,o preço da matéria-prima nacional aumentou 43%. Portanto,quando se ouve dizer que não há aumentos de preço não é verdade,há aumento de preço",enfatizou.
Conforme explicou,a "fatura do uso da madeira extra-ibérica" é que "não se consegue ter ciclos de produção sustentáveis,porque os preços da pasta são regulados pelo mercado mundial,não são fixados por cada um dos operadores".
"Estamos a sentir cada vez mais que é preferível estar parado do que produzir com madeira extra-ibérica",afirmou o administrador da Navigator,avisando que,como resultado,a carência de madeira nacional pode vir a obrigar ao encerramento de fábricas "durante períodos que podem ser de dois ou três meses".
"Cada vez são maiores os períodos em que somos obrigados a produzir com madeira extra-ibérica e isso não é sustentável e mata o setor",sublinhou.
Na sua intervenção,João Lé recordou ainda que,por solicitação do anterior governo,foi apresentada "uma proposta de acordo de fileira,que tinha três cenários" e que "ficou no dossiê de transição".
Na altura,o executivo optou pelo cenário "que não conduz a um aumento da área de eucalipto,mas que quer valorizar e proteger a floresta com uma gestão ativa,aumentar a produção,reduzir o risco de incêndio,fomentar a plantação de autóctones e dinamizar os agentes para cumprir as metas do plano nacional climático".
"Ou seja,com isto queremos compaginar o ciclo longo da floresta com as necessidades de matéria-prima,fazendo atuar diversos eixos: Por exemplo,arrancando algumas áreas de eucaliptal e plantando com autóctones,noutras replantar essas áreas e noutras plantar noutros locais,fomentando as autóctones",disse.
Segundo salientou o administrador da Navigator,"a floresta nacional precisa de escala,de gestão agrupada e que se olhe para o cadastro",assim como de "um regime fiscal que favoreça as intervenções de longo prazo",de uma simplificação dos regimes de licenciamento e de mais incentivos.
Adicionalmente,referiu aos deputados da Comissão de Agricultura de Pescas,impõe-se um Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que "funcione","atue com tempo" e tenha "gente no terreno".
© Reportagem diária do entretenimento brasileiro